quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Em bloco de cegos, vidente usa venda

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Alunos e amigos do Instituto Benjamin Constant, tradicional escola para cegos no Rio, desfilaram no bloco "Beijamin no Escuro"

Deficientes visuais do Instituto Benjamin Constant, tradicional escola para cegos no Rio, descobriram uma alternativa segura para pular Carnaval. Guiados pelos sons da bateria e de chocalhos distribuídos aos videntes, alunos e amigos do instituto desfilaram no bloco "Beijamin no Escuro" na tarde de ontem pelo bairro da Urca, zona sul Rio.
A mensagem do bloco era de inclusão - cegos podiam brincar livremente pelas ruas do bairro, enquanto videntes eram convidados a tapar os olhos para experimentar a sensação de pular Carnaval sem enxergar. "É difícil!", disse a dona-de-casa Eliane Pereira, 38, tirando a venda dos olhos depois de rodopiar com o estandarte do bloco pela avenida Pasteur.
Ao assumir o bandeirão do bloco, Sueli Gonçalves, 47, há 17 anos cega, cumprimentou o empenho da companheira de folia. "Poucas pessoas têm coragem de vendar os olhos porque isso os deixa inseguros. Eles não entendem que rodopiar no escuro dá sensação de liberdade."
De fato, foliões cegos não tiveram problemas de orientação no desfile. A estudante Mariela Nunes, 20, curiosa para saber como é desfilar de olhos tapados, desistiu de usar a venda depois de atropelar uma amiga vestida de abelha no percurso do bloco até a parada dos bondinhos do Pão de Açúcar, na praia Vermelha. "Resolvi tirar para não acabar com o Carnaval de inocentes", comentou, entre risadas.

Rede Saci

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