Cada vez mais, a tecnologia facilita a inclusão social dos portadores de deficiências visuais e auditivas. Os lançamentos são novas portas que se abrem para um dia-a-dia mais fácil e com um leque enorme de possibilidades culturais e de entretenimento
Suzana Camargo - Edição: Mônica Nunes
Planeta Sustentável – 19/02/2009
Para muitos de nós, não há nada mais normal do que abrir os olhos pela manhã e ver o dia que vem à frente. Ver, literalmente. Pois é..., raramente nos damos conta de que enxergar é um dom que nem todos possuem.
Aproximadamente 314 milhões de pessoas sofrem de graves problemas de visão no mundo. Desse total, 45 milhões são completamente cegas e 124 milhões têm pouquíssima visão. Os dados da organização internacional Vision 2020 revelam um fato ainda mais impressionante: 80% dos casos de cegueira poderia ter sido evitados. A razão mais óbvia parece ser porque 90% das pessoas com deficiência visual mora em países pobres ou em desenvolvimento. E problemas auditivos? De acordo com a OMS - Organização Mundial de Saúde, em 2005, eram 278 milhões de pessoas com perda auditiva moderada ou profunda nos dois ouvidos. Se tivessem tido acesso a um médico, 50% delas poderia estar ouvindo normalmente. Independência é o principal benefício que a tecnologia trouxe para a vida das pessoas com necessidades especiais, diz Edgard Ferreira, diretor de tecnologia da Fundação Dorina NowillAlém do intenso trabalho de prevenção e alerta realizado por essas organizações para diminuir esses números estarrecedores, algo mais vem fazendo a diferença para aqueles que têm algum tipo de necessidade especial: a tecnologia. Independência é o principal benefício que a tecnologia trouxe para a vida dessas pessoas. Com novos recursos, elas puderam se tornar cidadãs de verdade, com direito ao estudo, ao lazer, entre muitas outras atividades, diz Edgard Ferreira, diretor de tecnologia da Fundação Dorina Nowill, em São Paulo. Há 62 anos, a entidade trabalha em prol do deficiente visual e já se tornou referência nessa área. Só em 2008, foram 1.500 pessoas atendidas: passaram, por exemplo, pelo consultório de oftalmologistas, psicólogos, terapeutas. Tudo gratuitamente, graças a doações.
Mas tão importante quanto a assistência médica disponibilizada na fundação, é a oferta de novas tecnologias. A insituição tem a maior gráfica para a produção de livros em braille da América Latina, com uma equipe especializada em transcrever figuras e imagens e, também, uma biblioteca circulante (via correio) com mais de 800 títulos de livros falados, gravados em CD. Antigamente, o audiobook era mais utilizado, mas nossa experiência mostrou que fundo musical, efeitos sonoros e várias vozes confundiam um pouco o deficiente. Ele prefere desenvolver a própria imagem da história, explica Edgard Ferreira. Por essa razão, atualmente os livros falados (bestsellers, clássicos, etc) são mais populares porque tem somente um narrador contando toda a história.
E mais: pelo correio, cerca de 3.500 pessoas recebem semanalmente as versões faladas em CD da revista Veja e, mensalmente, da revista Claudia, ambas da Editora Abril. Tanto livros quanto revistas falados são entregues em qualquer lugar do país, mesmo em estados distantes como Rondônia ou Roraima. Há, ainda, os livros didáticos que são distribuídos em escolas e bibliotecas. Hoje, praticamente qualquer família possui um aparelho de CD em casa, por isso foi possível facilitar o acesso da população mais carente aos livros falados, comemora o diretor da fundação.
Outra grande aliada na inclusão do deficiente é a informática. Atualmente, existem recursos como leitores de tela, a ampliação do tamanho de letras e o contraste entre letra e fundo. Tanto para os cegos quanto para as pessoas de baixa visão, os recursos tecnológicos aparecem a cada dia: scanners, as impressoras braille (pequenas e de grande porte) e máquinas que auxiliam na feitura de gráficos e desenhos, afirma Maria da Glória Almeida, chefe de Gabinete da Direção-Geral e professora do Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro.
Aproximadamente 314 milhões de pessoas sofrem de graves problemas de visão no mundo. Desse total, 45 milhões são completamente cegas e 124 milhões têm pouquíssima visão. Os dados da organização internacional Vision 2020 revelam um fato ainda mais impressionante: 80% dos casos de cegueira poderia ter sido evitados. A razão mais óbvia parece ser porque 90% das pessoas com deficiência visual mora em países pobres ou em desenvolvimento. E problemas auditivos? De acordo com a OMS - Organização Mundial de Saúde, em 2005, eram 278 milhões de pessoas com perda auditiva moderada ou profunda nos dois ouvidos. Se tivessem tido acesso a um médico, 50% delas poderia estar ouvindo normalmente. Independência é o principal benefício que a tecnologia trouxe para a vida das pessoas com necessidades especiais, diz Edgard Ferreira, diretor de tecnologia da Fundação Dorina NowillAlém do intenso trabalho de prevenção e alerta realizado por essas organizações para diminuir esses números estarrecedores, algo mais vem fazendo a diferença para aqueles que têm algum tipo de necessidade especial: a tecnologia. Independência é o principal benefício que a tecnologia trouxe para a vida dessas pessoas. Com novos recursos, elas puderam se tornar cidadãs de verdade, com direito ao estudo, ao lazer, entre muitas outras atividades, diz Edgard Ferreira, diretor de tecnologia da Fundação Dorina Nowill, em São Paulo. Há 62 anos, a entidade trabalha em prol do deficiente visual e já se tornou referência nessa área. Só em 2008, foram 1.500 pessoas atendidas: passaram, por exemplo, pelo consultório de oftalmologistas, psicólogos, terapeutas. Tudo gratuitamente, graças a doações.
Mas tão importante quanto a assistência médica disponibilizada na fundação, é a oferta de novas tecnologias. A insituição tem a maior gráfica para a produção de livros em braille da América Latina, com uma equipe especializada em transcrever figuras e imagens e, também, uma biblioteca circulante (via correio) com mais de 800 títulos de livros falados, gravados em CD. Antigamente, o audiobook era mais utilizado, mas nossa experiência mostrou que fundo musical, efeitos sonoros e várias vozes confundiam um pouco o deficiente. Ele prefere desenvolver a própria imagem da história, explica Edgard Ferreira. Por essa razão, atualmente os livros falados (bestsellers, clássicos, etc) são mais populares porque tem somente um narrador contando toda a história.
E mais: pelo correio, cerca de 3.500 pessoas recebem semanalmente as versões faladas em CD da revista Veja e, mensalmente, da revista Claudia, ambas da Editora Abril. Tanto livros quanto revistas falados são entregues em qualquer lugar do país, mesmo em estados distantes como Rondônia ou Roraima. Há, ainda, os livros didáticos que são distribuídos em escolas e bibliotecas. Hoje, praticamente qualquer família possui um aparelho de CD em casa, por isso foi possível facilitar o acesso da população mais carente aos livros falados, comemora o diretor da fundação.
Outra grande aliada na inclusão do deficiente é a informática. Atualmente, existem recursos como leitores de tela, a ampliação do tamanho de letras e o contraste entre letra e fundo. Tanto para os cegos quanto para as pessoas de baixa visão, os recursos tecnológicos aparecem a cada dia: scanners, as impressoras braille (pequenas e de grande porte) e máquinas que auxiliam na feitura de gráficos e desenhos, afirma Maria da Glória Almeida, chefe de Gabinete da Direção-Geral e professora do Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro.
AS NOVÍSSIMAS TECNOLOGIAS
Criado há quase dois séculos, o braille ainda continua sendo importantíssimo na vida do cego. Ele é uma das principais pontes entre o deficiente visual e a escrita. A técnica é o único e mais eficaz método de alfabetização nesses casos. Entretanto, o aprendizado do alfabeto esbarra em alguns obstáculos. O primeiro deles é quando as pessoas perdem a visão ao longo da vida e se recusam a aprender o braille, já que foram alfabetizadas da maneira tradicional. Num segundo momento, há os jovens que nasceram na era digital e podem usar a síntese vocal do computador, por exemplo, para ler um texto.
Recentemente dois suíços mostraram ao mundo a invenção que deve facilitar o aprendizado do braille. O decorador Philipe Racine e Jean-Marc Meyrat, presidente da seção romana da Federação Suíça dos Cegos criaram o Mouskie, um sistema em que o mouse tem um software próprio. Na prática, ele funciona da seguinte maneira. Ao digitar a letra A no teclado, por exemplo, instantaneamente aparece a letra A grande no monitor, a síntese vocal diz A e o usuário sente sob os dedos os pontos que compõem a letra (em braille). Nos testes já realizados, a nova técnica se mostrou mais rápida do que o método tradicional de ensino, além de ser mais interativa. Segundo os inventores, a memorização tátil é muito mais dependente da velocidade para ser registrada.
Para Racine e Meyrat, era imperativo criar algo novo. Existe toda uma geração, nascida na era da informática, no mundo digital e dos jogos eletrônicos - que ansiava por um método mais dinâmico. Nós achávamos que deveria haver uma maneira divertida de ensinar braille. O mouskie vai ajudar a preencher essa lacuna que havia entre o braille e a vida diária dessas pessoas ligadas ao computador, acredita Jean-Marc Meyrat. O desenvolvimento do mouskie levou cerca de três anos. Uma nova versão do software, ainda mais aperfeiçoada, será lançada em agosto. Mas devido ao grande sucesso na última Assembléia Mundial dos Cegos, em Genebra, as encomendas já começaram a chegar.
Queremos encontrar distribuidores que possam vendê-lo no exterior, afirma Meyrat. Muitas empresas estão investindo em novas tecnologias para os portadores de necessidades especiais. Algumas são simplesmente surpreendentes. A gigante americana Microsoft incluiu - em todos os seus sistemas operacionais mais recentes - um acesso especial para pessoas com problemas visuais. Através do easy access, tudo o que seria feito através do teclado, pode ser realizado através da voz humana. Basta que o usuário fale para ativar os comandos e é possível abrir programas, ditar textos no Word, imprimir documentos. É o chamado Programa de Reconhecimento de Voz.
Voz também é a ferramenta utilizada pela finlandesa Nokia para facilitar o acesso dos deficientes visuais aos aparelhos celulares. Há modelos que falam, em voz alta, os comandos do menu, outros têm um teclado mais simplificado e alguns ainda lêem as mensagens recebidas. A empresa desenvolveu, ainda, um celular que, acoplado a um software especial, possibilita ao usuário – cego ou com baixa visão - tirar foto de um texto e na sequência, ouvi-lo. Inacreditável!
De uma empresa dos Estados Unidos especializada em produtos para esse setor, veio o DeafBlind Communicator. São dois aparelhos portáteis, fáceis de carregar, que podem ser levados para qualquer lugar por pessoas surdas, mudas ou cegas. Os dois se comunicam entre si através de bluetooth. O aparelho principal é dotado de um software em braille e o outro é um telefone celular especial, com um display e um teclado. Dessa forma, torna-se possível a comunicação na rua, por exemplo, com o motorista do ônibus, o garçom, o vendedor da loja. Nossos aparelhos são capazes de aprender as preferências dos usuários de forma que é praticamente desnecessário o ajuste manual, afirma Nicolai Fischer, diretor da Siemens Audiology no BrasilNa Siemens, há uma divisão específica de Healthcare (Saúde), dentro do setor de audiologia, na qual profissionais buscam soluções para adaptar aparelhos auditivos da melhor forma para o paciente. Nossos aparelhos tornaram-se treináveis - são capazes de aprender as preferências dos usuários de forma a ser praticamente desnecessário o ajuste manual. Atualmente, os aparelhos auditivos podem ser totalmente automáticos, com redução de ruídos inconvenientes, resistentes à água e recarregáveis – tudo isso com um tamanho reduzido e praticamente invisível, quando em uso, revela Nicolai Fischer, diretor da Siemens Audiology no Brasil. Com venda somente no exterior, uma das atrações do portfólio da empresa é o controle remoto TEK Connect, um pequeno dispositivo que permite ao aparelho auditivo estar conectado – via bluetooth, com outros aparatos eletrônicos. Na prática, significa que é possível ouvir o programa de televisão, responder ao celular ou escolher a música no MP3 através do controle.
AS RUAS BRASILEIRAS Infelizmente, muitas dessas novíssimas tecnologias ainda não estão disponíveis no Brasil e mesmo lá fora, têm um custo ainda muito alto. Este mês, a Fundação Dorina Nowill vai lançar os primeiros livros no formato Daisy - Digital Accessible Information Sistem (Sistema de Informação Digital Acessível) no país. Daisy é a sigla que consegue reunir simultaneamente áudio, texto e gráficos e esse padrão é reconhecido internacionalmente como o que há de mais moderno. Com isso, o leitor pode navegar através de capítulos, páginas, seções – dependendo de como o livro foi estruturado. Os CDs podem ser ouvidos em aparelhos Daisy, alguns MP3 ou em computadores que tenham um software específico.
Pouco a pouco, os chamados e-books tornam-se mais populares. Mas ainda há pouquíssimos sites brasileiros nos quais se pode fazer downloads de livros: em braille, audiolivros ou na tela para portadores de baixa visão.
Segundo dados do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 16 milhões de pessoas sofrem com algum tipo de problema visual no país. Desse total, cerca de 150 mil não enxergam. Especialistas são unânimes ao apontar o mundo físico – ruas, calçadas, edifícios - como uma das grandes dificuldades que os deficientes brasileiros ainda enfrentam no dia-a-dia. Não há planejamento urbano para eles. Os semáforos não tem sinais sonoros para orientá-los sobre abertura e fechamento, como já existe há anos na maioria das cidades da Europa, por exemplo. O calçamento é irregular, acessos especiais são raros, prédios não são adaptados.
Atividades corriqueiras, nas quais muitas vezes nem prestamos atenção, constituem entraves significativos para o deficiente. O uso de banheiros, placas indicativas, preços em lojas, manuseio do dinheiro - sem mencionar as barreiras físicas, como buracos nas calçadas, portas de vidro sem tarja preta, que embora nos pareçam simples, podem dificultar suas atividades diárias e ocasionar constrangimentos, diz Luciene Fernandes, oftalmologista integrante do VISION 2020, no Brasil. Outro grande problema enfrentado por deficientes, tanto no Brasil como nos países desenvolvidos, é a oportunidade de encontrar um trabalho.
A inserção profissional ainda é bastante difícil. A solução para essa e outras dificuldades depende, sobretudo, da ampliação de políticas sociais por parte do governo, um maior envolvimento e participação da sociedade com as organizações do setor e propiciar, cada vez mais, oportunidades para que essas pessoas tenham acesso à novas tecnologias, que tornem suas vidas mais fáceis, práticas e prazerosas.
Recentemente dois suíços mostraram ao mundo a invenção que deve facilitar o aprendizado do braille. O decorador Philipe Racine e Jean-Marc Meyrat, presidente da seção romana da Federação Suíça dos Cegos criaram o Mouskie, um sistema em que o mouse tem um software próprio. Na prática, ele funciona da seguinte maneira. Ao digitar a letra A no teclado, por exemplo, instantaneamente aparece a letra A grande no monitor, a síntese vocal diz A e o usuário sente sob os dedos os pontos que compõem a letra (em braille). Nos testes já realizados, a nova técnica se mostrou mais rápida do que o método tradicional de ensino, além de ser mais interativa. Segundo os inventores, a memorização tátil é muito mais dependente da velocidade para ser registrada.
Para Racine e Meyrat, era imperativo criar algo novo. Existe toda uma geração, nascida na era da informática, no mundo digital e dos jogos eletrônicos - que ansiava por um método mais dinâmico. Nós achávamos que deveria haver uma maneira divertida de ensinar braille. O mouskie vai ajudar a preencher essa lacuna que havia entre o braille e a vida diária dessas pessoas ligadas ao computador, acredita Jean-Marc Meyrat. O desenvolvimento do mouskie levou cerca de três anos. Uma nova versão do software, ainda mais aperfeiçoada, será lançada em agosto. Mas devido ao grande sucesso na última Assembléia Mundial dos Cegos, em Genebra, as encomendas já começaram a chegar.
Queremos encontrar distribuidores que possam vendê-lo no exterior, afirma Meyrat. Muitas empresas estão investindo em novas tecnologias para os portadores de necessidades especiais. Algumas são simplesmente surpreendentes. A gigante americana Microsoft incluiu - em todos os seus sistemas operacionais mais recentes - um acesso especial para pessoas com problemas visuais. Através do easy access, tudo o que seria feito através do teclado, pode ser realizado através da voz humana. Basta que o usuário fale para ativar os comandos e é possível abrir programas, ditar textos no Word, imprimir documentos. É o chamado Programa de Reconhecimento de Voz.
Voz também é a ferramenta utilizada pela finlandesa Nokia para facilitar o acesso dos deficientes visuais aos aparelhos celulares. Há modelos que falam, em voz alta, os comandos do menu, outros têm um teclado mais simplificado e alguns ainda lêem as mensagens recebidas. A empresa desenvolveu, ainda, um celular que, acoplado a um software especial, possibilita ao usuário – cego ou com baixa visão - tirar foto de um texto e na sequência, ouvi-lo. Inacreditável!
De uma empresa dos Estados Unidos especializada em produtos para esse setor, veio o DeafBlind Communicator. São dois aparelhos portáteis, fáceis de carregar, que podem ser levados para qualquer lugar por pessoas surdas, mudas ou cegas. Os dois se comunicam entre si através de bluetooth. O aparelho principal é dotado de um software em braille e o outro é um telefone celular especial, com um display e um teclado. Dessa forma, torna-se possível a comunicação na rua, por exemplo, com o motorista do ônibus, o garçom, o vendedor da loja. Nossos aparelhos são capazes de aprender as preferências dos usuários de forma que é praticamente desnecessário o ajuste manual, afirma Nicolai Fischer, diretor da Siemens Audiology no BrasilNa Siemens, há uma divisão específica de Healthcare (Saúde), dentro do setor de audiologia, na qual profissionais buscam soluções para adaptar aparelhos auditivos da melhor forma para o paciente. Nossos aparelhos tornaram-se treináveis - são capazes de aprender as preferências dos usuários de forma a ser praticamente desnecessário o ajuste manual. Atualmente, os aparelhos auditivos podem ser totalmente automáticos, com redução de ruídos inconvenientes, resistentes à água e recarregáveis – tudo isso com um tamanho reduzido e praticamente invisível, quando em uso, revela Nicolai Fischer, diretor da Siemens Audiology no Brasil. Com venda somente no exterior, uma das atrações do portfólio da empresa é o controle remoto TEK Connect, um pequeno dispositivo que permite ao aparelho auditivo estar conectado – via bluetooth, com outros aparatos eletrônicos. Na prática, significa que é possível ouvir o programa de televisão, responder ao celular ou escolher a música no MP3 através do controle.
AS RUAS BRASILEIRAS Infelizmente, muitas dessas novíssimas tecnologias ainda não estão disponíveis no Brasil e mesmo lá fora, têm um custo ainda muito alto. Este mês, a Fundação Dorina Nowill vai lançar os primeiros livros no formato Daisy - Digital Accessible Information Sistem (Sistema de Informação Digital Acessível) no país. Daisy é a sigla que consegue reunir simultaneamente áudio, texto e gráficos e esse padrão é reconhecido internacionalmente como o que há de mais moderno. Com isso, o leitor pode navegar através de capítulos, páginas, seções – dependendo de como o livro foi estruturado. Os CDs podem ser ouvidos em aparelhos Daisy, alguns MP3 ou em computadores que tenham um software específico.
Pouco a pouco, os chamados e-books tornam-se mais populares. Mas ainda há pouquíssimos sites brasileiros nos quais se pode fazer downloads de livros: em braille, audiolivros ou na tela para portadores de baixa visão.
Segundo dados do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 16 milhões de pessoas sofrem com algum tipo de problema visual no país. Desse total, cerca de 150 mil não enxergam. Especialistas são unânimes ao apontar o mundo físico – ruas, calçadas, edifícios - como uma das grandes dificuldades que os deficientes brasileiros ainda enfrentam no dia-a-dia. Não há planejamento urbano para eles. Os semáforos não tem sinais sonoros para orientá-los sobre abertura e fechamento, como já existe há anos na maioria das cidades da Europa, por exemplo. O calçamento é irregular, acessos especiais são raros, prédios não são adaptados.
Atividades corriqueiras, nas quais muitas vezes nem prestamos atenção, constituem entraves significativos para o deficiente. O uso de banheiros, placas indicativas, preços em lojas, manuseio do dinheiro - sem mencionar as barreiras físicas, como buracos nas calçadas, portas de vidro sem tarja preta, que embora nos pareçam simples, podem dificultar suas atividades diárias e ocasionar constrangimentos, diz Luciene Fernandes, oftalmologista integrante do VISION 2020, no Brasil. Outro grande problema enfrentado por deficientes, tanto no Brasil como nos países desenvolvidos, é a oportunidade de encontrar um trabalho.
A inserção profissional ainda é bastante difícil. A solução para essa e outras dificuldades depende, sobretudo, da ampliação de políticas sociais por parte do governo, um maior envolvimento e participação da sociedade com as organizações do setor e propiciar, cada vez mais, oportunidades para que essas pessoas tenham acesso à novas tecnologias, que tornem suas vidas mais fáceis, práticas e prazerosas.
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