quarta-feira, 29 de julho de 2009

Cães-guia vão à opera

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A advogada Daniela Kovacs e a consultora Jucilene Evangelista farão um programa inédito junto de seus cães-guia, o labrador Basher e o golden retriever Charlie. Elas estão entre os 75 cegos que assistirão à primeira ópera da cidade com audiodescrição. Encenada no Teatro São Pedro, na Barra Funda, de quarta (29) a domingo (2), a récita italiana Cavalleria Rusticana terá cenas descritas pelo mesmo sistema de som usado para a tradução simultânea. A iniciativa é do Instituto Vivo, que desde 2007 oferece o serviço nos espetáculos de sexta-feira do Teatro Vivo, no Brooklin, onde está em cartaz Vestido de Noiva.

Fonte: Veja São Paulo
As legendas em português serão projetadas acima do palco, mas os deficientes visuais ganham fones de ouvido para ouvir a tradução simultânea do italiano para o português e a descrição de cenas não verbais durante o intervalo dos diálogos. O audiodescritor fica em uma cabine e usa o mesmo equipamento da tradução simultânea. "Sem a audiodescrição, a ópera seria apenas um espetáculo musical, com o som da orquestra e belas vozes. Com o recurso, tenho as mesmas informações de quem enxerga. Algumas cenas são apenas gestuais, como um beijo, um aperto de mão e, às vezes, um gesto faz todo sentido para entender a história. É como se eu visualizasse as cenas", diz Jucilene. Além do gestual dos personagens, o audiodescritor relata, durante os intervalos, os detalhes do figurino, do cenário e entrada ou saída dos atores do palco.

Os organizadores também planejaram uma estrutura para dar apoio ao deficiente visual, que pode ir com cão-guia, recebe o programa do espetáculo em braile e tem ajuda de monitores. É preciso chegar um pouco antes do início da apresentação para ouvir a sinopse.

Jucilene já assistiu a outras peças com audiodescrição no Teatro Vivo, o único da capital que oferece o sistema. Pela falta de cinemas e teatros com essa ferramenta, ela tem de pedir ao acompanhante para relatar as cenas. "Em uma peça, uma amiga estava me contando o que acontecia quando a moça sentada na nossa frente pediu silêncio. Eu então expliquei que era deficiente visual e ela até pediu desculpas. Para não atrapalhar, procuro sentar no local mais isolado da plateia", diz.

A partir de agora, todas as óperas encenadas no Theatro São Pedro contarão com o recurso da audiodescrição. E outros projetos com acessibilidade estão em andamento. Para o próximo ano, as peças do Teatro Sérgio Cardoso, na Bela Vista, devem contar com tradução para a linguagem de sinais para deficientes auditivos. "É um projeto piloto que pretendemos estender aos outros teatros do Estado", adianta Mario Masetti, diretor artístico da Associação Paulista dos Amigos da Arte (APAA), que administra seis teatros estaduais.
Fonte: http://www.estadao.com.br/

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