domingo, 25 de outubro de 2009

Seminário Educação para Todos: uma agenda positiva

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“É com muita alegria e honra que recebo todos vocês aqui hoje. Ver tantas pessoas interessadas em discutir sobre o acesso à educação de crianças com deficiência, só reforça a importância deste tema”, afirmou a vereadora Mara Gabrilli para as cerca de 200 pessoas presentes na abertura do Seminário Educação para Todos: uma agenda positiva, que aconteceu neste sábado, 17 de outubro, na Câmara Municipal de São Paulo.
Para a vereadora, não existe política pública que tenha maior potencial de criar oportunidades, diminuir desigualdades e favorecer a inclusão social do que a Educação. “O acesso universal ao ensino básico é um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas. E hoje, 17 de outubro, é o Dia Internacional pela Erradicação da Pobreza e acredito que não há melhor maneira de lutar contra a pobreza do que por meio da Educação”, completou Mara Gabrilli.
“Para fazer avançar o processo de inclusão nas escolas, reuni diversas experiências para fomentar o diálogo e a troca de aprendizados. Não é mais possível aceitar que as escolas digam que não estão preparadas por falta de conhecimento. Reunimos 20 profissionais hoje aqui, mas todos fazem parte de equipes maiores que ministram cursos e ensinam e, sobretudo, aprendem. Se as escolas não começarem a receber estas crianças jamais estarão aptas. E uma escola que se organiza e promove os apoios necessários para receber alunos com deficiência física, visual, auditiva ou intelectual, é melhor e mais completa”, finalizou Mara.
A abertura ainda contou com um espetáculo de ballet clássico ao som da cantora e compositora Sara Bentes, premiada nacional e internacionalmente por seu talento musical. Quem dançou foi a bailarina Aline Favaro Tomaz, que tem síndrome de Down. Sara Bentes é cega e também abrilhantou o seminário como Mestre de Cerimônias, ao lado do advogado e comentarista da rádio CBN no programa Cidade Inclusiva, Cid Torquato, tetraplégico.
Os debates aconteceram em quatro mesas temáticas, divididas por tipo de deficiência, para falar e aprofundar as necessidades educacionais especificas de cada uma.
A mesa de abertura contou com a participação da secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Rizzo Batistella, que representou o governador do Estado José Serra no evento, com os secretários municipais da Educação, Alexandre Schneider, que representou o Prefeito Gilberto Kassab, e o da Pessoa com Deficiência, Marcos Belizário, assim como a presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência, Gersonita de Souza, a diretora do Sindicato dos Especialistas de Educação do Ensino Municipal de São Paulo (Sinesp), Marilza da Gama e Silva, e representantes de ONGs: o presidente da AACD, Eduardo Carneiro e o presidente da Fundação Prada de Assistência Social, Giuseppe Ulderico Farini.

O Poder do tato

A primeira mesa, que debateu “O poder do tato”, contou com a mediação da pedagoga especialista em educação de pessoas cegas e com baixa visão Maria Cristina Godoy Felippe, que é gerente do Atendimento Especializado em Educação e Reabilitação da Fundação Dorina Nowill para Cegos. “Os avanços tecnológicos contribuem para o acesso ao conhecimento, porém o braile jamais será substituído”, disse Maria Cristina. “Como educadores devemos incentivar o ensino e a utilização desse sistema pelas pessoas com deficiência visual e, principalmente, divulgar essa forma de comunicação a qualquer cidadão, uma vez que a inclusão pressupõe comunicação.”
Participaram do debate com sua experiência sobre deficiência visual, a psicóloga Eliana Maria Ormelezi, membro da Laramara na área de apoio à inclusão, a arte-educadora Isabel Bertevelli, do Instituto de Cegos Padre Chico (escola fundada em 1930), a professora de Apoio e Acompanhamento à Inclusão Magali Sorbini Peroco, do CEFAI Penha da Secretaria Municipal de Educação (SME).
Todas as especialistas destacaram a importância de valorizar a habilidade que o cérebro tem de organizar as informações recebidas pelos órgãos dos sentidos, e assim valorizar o potencial de aprendizado das crianças com deficiência visual. A mesa Poder do Tato ainda contou com a experiência pessoal da bibliotecária Maria Helena Chenque, que é cega desde a infância e trabalha na Biblioteca Braille do Centro Cultural São Paulo.

Sem limites para aprender e conviver

Mediada pela socióloga Marta Gil, especialista em redes de informação sobre inclusão e deficiência, e coordenadora da Amankay, a segunda mesa discutiu as questões de aprendizado das crianças com deficiência intelectual.
As professoras Liliane Garcez, do setor escolar da APAE, e Maria Teresa Azevedo Braga, do CEFAI Santo Amaro SME, mostraram suas experiências positivas e as estratégias para os alunos com deficiência intelectual. “Diversos documentos legislativos buscam efetivar o direito inalienável de qualquer criança de estudar na classe comum da escola regular, princípio já garantido pela Constituição Federal de 1988. Além da legislação, a construção de uma educação inclusiva implica na necessidade de romper paradigmas, rever posturas e valorizar, sobretudo, as diferenças dos estudantes em sala de aula. Isso significa reconhecer e estimular os talentos de cada aluno”, afirmou Liliane Garcez.
Liliane ainda contou que a APAE de São Paulo foi reduzindo aos poucos as atividades da escola especial que conta hoje com apenas 20 alunos. “No final deste ano, encerraremos as atividades e manteremos o atendimento das 410 crianças matriculadas na rede regular comum - pública ou particular -, e que são atendidas na Apae no contra turno. Além disso, estamos desenvolvendo ações de assessoria e formações às escolas e redes de ensino”, completou mostrando que há suporte a disposição para as escolas que buscarem se aperfeiçoar.
O estagiário do gabinete da vereadora Mara, Edgar Teixeira, que tem síndrome de Down, deu um depoimento e a bailarina Aline Tomaz, também com síndrome de Down, apresentou um número de ballet com sapatilhas de ponta, mostrando que os talentos podem ser diferentes, mas todos os têm.

Ir, vir e permanecer no ambiente da escola

O jornalista Jairo Marques, chefe de reportagem da Folha de S. Paulo, mediou a mesa que tratou das questões da deficiência física. Jairo, que contraiu pólio aos nove meses, passou pela escola e faculdade com a cadeira de rodas. “Superei muitos obstáculos, mas a sociedade hoje dá mais garantias. Temos que cobrar acesso. Não se pode mais negar a uma criança o acesso a educação, cultura, lazer, esporte porque falta uma rampa ou elevador.”
Participaram do debate a arquiteta Silvana Cambiaghi, também cadeirante, que é presidente da CPA – Comissão Permanente de Acessibilidade – e professora de design na faculdade SENAC, e a coordenadora do setor escolar da AACD, Aparecida Benatti, a professora Deise Tomazin Barbosa, do CEFAI Freguesia do Ó/ Brasilandia (SME). O depoimento ficou por conta da publicitária Julie Nakayama, a Guardiã da Paulista.

A língua que ocupa o espaço

Um dos pontos mais polêmicos é a inclusão dos surdos nas escolas comuns. A mesa, mediada pelo surdo Paullo Vieira, presidente da Associação dos Surdos de São Paulo, abordou a importante questão das diferenças linguísticas. Muito se fala sobre as vantagens da educação bilíngue, com referência ao aprendizado de uma língua estrangeira. Mas não são todos que sabem que esta modalidade é também aplicada para às duas línguas oficiais no Brasil: a Língua Portuguesa e Língua Brasileira e Sinais - a LIBRAS -, quando se trata da educação das pessoas surdas.
É o direito a este aprendizado que os surdos defendem e a polêmica é ocasionada porque afirmam que esta modalidade de ensino seja feita nas escolas especializadas para surdos e não na rede regular.
Participaram a Doutora Maria Cecília de Moura, pesquisadora em Linguagem e Surdez e docente do curso de Fonoaudiologia da FACHS e PUC-SP, a pedagoga, Mestre em Educação, Maria Inês da Silva Vieira, coordenadora do Programa de Acessibilidade /LIBRAS da DERDIC/PUC-SP, a professora Claudia Pires Santana Freitas, da Diretoria Regional de Ensino de Guaianases da SME e a coordenadora pedagógica da AHIMSA, especialista em surdocegueira e múltipla deficiência sensorial, Dalvanise de Farias Duarte. A experiência pessoal foi dada pela jornalista Cristina Bicudo.
O evento foi fechado com chave de ouro com a palestra da diretora de Orientação Técnica (DOT) em Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, Silvana Drago, que é pedagoga com especialização em Distúrbios da Áudio-Comunicação, Administração e Supervisão Escolar, que falou sobre os desafios da Rede Municipal.

Para finalizar, a vereadora Mara Gabrilli reproduz um texto do grande educador Rubem Alves:
O estudo da gramática não faz poetas. O estudo da harmonia não faz compositores. O estudo da psicologia não faz pessoas equilibradas. O estudo das "ciências da educação" não faz educadores. Educadores não podem ser produzidos. Educadores nascem. O que se pode fazer é ajudá-los a nascer. Para isso eu falo e escrevo: para que eles tenham coragem de nascer. Quero educar os educadores. E isso me dá grande prazer porque não existe coisa mais importante que educar. Pela educação o indivíduo se torna mais apto para viver: aprende a pensar e a resolver os problemas práticos da vida. Pela educação ele se torna mais sensível e mais rico interiormente, o que faz dele uma pessoa mais bonita, mais feliz e mais capaz de conviver com os outros

Fonte: Portal Mara Gabrilli

DEFICIENTE ALERTA foi criado para orientar,educar,protestar e ajudar todos com deficiência. www.deficientealerta.blogspot.com

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