Essa matéria também pertence ao Blog " Limão em Limonada" de Emanuelle Najjar
“Senhor, por favor me ajude com minha carreira... eu quero ser diferente e me sobressair... eu quero ser diferente para tocar os seus filhos...”
Essa foi a última oração de Autianya Pascqua pouco antes de sua vida mudar. Ela pediu perdão, orientação e coragem.
Era uma noite de domingo, 03 de maio de 1992, tinha acabado de sair da igreja. Aos 22 anos sua vida parecia totalmente alinhada: estava fazendo o que amava – era coreógrafa e dançarina e o grupo de hip hop do qual fazia parte estava prestes a assinar um contrato de gravação. Os problemas pareciam ter ficado para trás: o bairro violento, um marido truculento, o abandono de sua família no momento em que mais precisou de apoio. Os seus sonhos pareciam estar mais perto.
Autianya estava dirigindo na famosa Hollywood freeway, em seu caminho de volta para casa. Estava sozinha, ouvindo e cantarolando com a fita demo de seu grupo. De repente, um carro cortou a sua frente, batendo em seu pára-choque. Ela pisou no freio e seu carro girou pela pista, fora de controle, batendo de frente na mureta de proteção. O impacto partiu sua coluna ao meio, rompeu sua medula espinhal e causou-lhe uma hemorragia interna. O acidente que por pouco não a matou, ameaçou roubar seus sonhos. “Quando eu acordei no hospital, percebi que não sentia minhas pernas e o doutor me falou que nunca mais eu iria andar ou dançar novamente.” Uma vez lesionada, a medula espinhal não se reconsitui e nesse caso, Autianya não teria chances de recuperar a sensibilidade ou os movimentos abaixo da cintura e estava confinada a uma cadeira de rodas.
Lutar sempre foi parte do seu vocabulário, pois nada veio de mão beijada. Filha de um casal de mãe branca e pai latino muito jovem, cresceu em um bairro infestado por gangues e teve uma infância solitária, pois não era branca e nem latina o suficiente para o gosto das crianças cruéis. Foi na solidão de sua infância que Christina – seu nome de batismo – descobriu a dança e fez com que ela se tornasse o foco de sua vida.
Aos 18 anos saiu de casa para seguir uma carreira na dança, mas foi obrigada a parar quando um homem violento cruzou o seu caminho. Um marido que transformou sua vida em um inferno. O pesadelo terminou depois que ele tentou matá-la e alguém lhe deu um lugar para ficar. Seu salvador foi seu patrão, dono da Trashy Lingeries, e não sua família, que em vez de apoio lhe deu o abandono: seu pai a renegou e ordenou que ninguém a ajudasse. Por tudo isso, teve que trocar de nome para fins de proteção, e escolheu o nome que daria para sua filha, abortada devido aos maus-tratos do marido: Autianya.
Livre para buscar o que queria, em poucos meses estava dançando novamente. Seu talento a colocou em turnês com vários artistas famosos com Bobby Brown, L.L Cool J e muitos outros. Em um ano tornou-se uma coreógrafa reconhecida e entrou para o primeiro grupo totalmente composto por mulheres latinas, e recebeu uma proposta de contrato para gravação. Um sonho prestes a se realizar.
“Em menos de cinco minutos minha vida inteira mudou, mas não para pior”, ela diz. “Sei que tenho o espírito da dança desde criança, eu definitivamente nasci pra dançar. Tive que esperar três meses pro meu corpo se curar e aprender a movimentar minha cadeira de rodas do jeito que eu quisesse. Em um ano voltei a dançar profissionalmente.” Foi a pioneira no hip-hop em cadeira de rodas.
Mais de uma década se passou, e vencendo todos os obstáculos, Autianya realizou os seus sonhos: tornou-se coreógrafa, cantora, atriz, modelo e palestrante motivacional, além de ser superintendente de uma organização sem fins lucrativos.
“Quando o acidente aconteceu, não vi motivos para largar meu sonho de ser uma artista. Então quando perguntei se poderia fazer uma performance no Los Angeles Center Juvenille Hall e vi o impacto que isso causou fiquei entusiasmada para continuar e tocar a vida dos jovens. Adoro trabalhar com crianças.” Foi para elas que fundou a Save A Soul Foundation, uma organização sem fins lucrativos que busca atender crianças e jovens em situação de risco.
Em 2001, tornou-se modelo da Colours n´ Motion, ( uma famosa companhia de cadeira de rodas ). Sua consagração aconteceu em 2002 quando competiu no World Championship of Performing Arts: uma competição prestigiada que envolve artistas de mais de 30 países e pode ser comparada às Olimpíadas. Auti Angel – nome artístico de Autianya – foi premiada em todas as modalidades que participou: ouro na dança, prata no canto, prata como modelo e prata como atriz. Em 2003 ela dançou com Ludacris ( famoso rapper ), no clipe Stand Up e na Vibe Music Awards. Em 2005 ela foi a protagonista de um curta metragem chamado Wings of Legacy, com a personagem Amy. Hoje, Auti Angel investe na música e na dança. Ela viaja o país com sua parceira, Briana Walker, mostrando seu trabalho como dançarina e professora – ensinando dança adaptada -- , atuando como palestrante e cantando em shows.
Lembrando do passado, Auti diz-se privilegiada. “Quando sofri o acidente, senti duas mãos fortes me tirando de meu corpo. Ouvi uma voz dizendo ´Estou dando apenas o que me pediu. Preparei você para este dia e eu sei que seu espírito é forte. Você encontrará inúmeros obstáculos mas vai superá-los porque você é uma das minhas escolhidas!” E apesar da jornada difícil que teve, tem um lema escrito no seu site e que faz questão de repetir: “Trevas são necessárias para ser uma estrela brilhante.”
Para mais informações sobre Auti Angel acesse:
http://www.autiangel.com/
http://www.myspace.com/yourautiangel
http://www.myspace.com/autiangel
http://www.saveasoul.org/
Este texto foi escrito por Emanuelle Najjar no Blog http://www.limaoemlimonada.com.br/
DEFICIENTE ALERTA foi criado para orientar,educar,protestar e ajudar todos com deficiência. www.deficientealerta.blogspot.com
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