segunda-feira, 22 de março de 2010

Implante faz bebê ouvir pela 1ª vez aos 8 meses

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Graças a ouvido biônico bilateral, criança terá a chance a falar como qualquer outra

Uma semana depois de completar 8 meses de vida, o bebê Diego Martins da Silva ouviu pela primeira vez. Ele nasceu com deficiência auditiva bilateral, mas terá a chance de aprender a falar como qualquer criança graças a uma cirurgia para implantação de ouvidos biônicos. O chamado implante coclear foi ativado em Diego no último dia 12 - foi colocado há cerca de um mês.
Os primeiros sons que ele escutou foram abafados para não assustá-lo, e seu cérebro ainda não sabe reconhecê-los. Mas, com o tempo e muita terapia fonoaudiológica, Diego conseguirá ouvir normalmente.
"Quanto mais cedo se faz o implante, mais cedo a área do cérebro responsável pela memória auditiva é estimulada e melhores são os resultados. Nessa idade, um mês faz muita diferença", explica o médico Arthur Castilho, responsável pela operação.
Diego foi uma das crianças mais novas do País a serem submetidas à cirurgia nos dois ouvidos. Como nasceu em um hospital particular e o convênio médico cobriu o parto, o bebê passou pela triagem auditiva neonatal - ou teste da orelhinha. O exame ainda não está acessível à maioria das crianças que nascem no Sistema Único de Saúde (SUS).
Mas, mesmo com o diagnóstico precoce, seus pais ainda tiveram de enfrentar uma batalha judicial contra o plano de saúde. A operação foi feita sob liminar e, se demorasse mais alguns meses, a família talvez não obtivesse a decisão favorável. Isso porque a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) deve publicar em junho novas diretrizes que limitam a cobertura dos convênios à colocação de apenas uma prótese para crianças a partir de 6 meses de idade.
A regulamentação até agora não especificava nem a idade nem se a cobertura incluía uma ou duas próteses. A maioria dos casos acabava sendo resolvida na Justiça. "Fizemos essa diretriz para racionalizar o uso. Com o mesmo recurso você favorece duas crianças e com uma prótese ela já consegue desenvolver a linguagem. O ganho que se tem com o implante bilateral não compensa o custo. Esse critério é o mesmo adotado no SUS", diz Jorge Carvalho, gerente da ANS.
Castilho, que coordena um dos dez centros de referência em saúde auditiva do SUS existentes no País - o da Unicamp -, discorda. "A portaria do SUS que regulamenta o implante coclear tem mais de dez anos. Na época, ainda não havia estudos mostrando os benefícios da cirurgia bilateral. Estima-se um ganho de 22% na percepção auditiva quando comparado ao implante unilateral", diz.
Cada prótese custa, em média, R$ 64 mil. Uma cirurgia bilateral, contando internação e honorários médicos, fica em torno de R$ 160 mil. "Só o fato de ter na rede pública já é uma vantagem, pois em muitos países não há cobertura", reconhece Castilho.
"Até agora, quem não se enquadrava nos critérios do SUS tinha a oportunidade de fazer a cirurgia pelo convênio. Mas, agora, eles estão copiando os critérios do SUS, deixando muitas pessoas desamparadas", diz Cristiane Vieira, coordenadora da Associação dos Deficientes Auditivos, Pais, Amigos e Usuários de Implante Coclear (Adap).
Teste da Orelhinha. Deficiências congênitas, como a de Diego, geralmente são causadas por fatores genéticos ou infecções que a mãe enfrenta na gravidez.
A partir de maio, o exame que detecta o problema estará disponível a todas as crianças nascidas na rede pública da capital. Hoje, o serviço só atende bebês de maternidades de alto risco, embora uma lei de 2007 o tenha tornado obrigatório em todos os hospitais do Estado. "Não basta oferecer o exame, é preciso ter uma rede para atender os pacientes diagnosticados. São Paulo conseguiu agora estruturar essa rede", diz Maria Aparecida Orsin, do Programa Rede de Proteção à Mãe Paulistana.

Fonte: O Estado de São Paulo

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