sábado, 3 de abril de 2010

Parakart

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Modalidade serve como porta de entrada para categorias maiores
Por Cadu Ramos

O kart, categoria que serviu e ainda hoje serve de celeiro para grandes pilotos no Brasil e no mundo - Ayrton Senna, Rubens Barrichello, Nelson Piquet e Michael Schumacher, entre outros, passaram por ali -, também é uma opção profissional para pessoas portadoras de necessidades especiais. Mas nem sempre foi assim.
Em 2006, após ouvir a sugestão de dois amigos deficientes físicos, Domingos Zamora, ou Mingos, como os amigos o chamam, proprietário da equipe Mingo Racing, decidiu "comprar" a idéia, junto com Paulo Polido, advogado e primeiro piloto a disputar o Rally Internacional dos Sertões em um carro adaptado, e criar uma equipe para a disputa das 500 milhas da Granja Viana, prova na qual Felipe Massa, piloto da Ferrari, também participou. "Diante do sucesso da iniciativa, surgiu a possibilidade de organizar uma categoria específica", disse Domingos.
O primeiro passo foi levar o kart adaptado - acelerador e freios acionados pelas mãos ao invés dos pés -, para a Reatech 2006 (feira de produtos voltada para a reabilitação) e testar a receptividade do público. "Eu queria apresentar uma modalidade de esporte nova, diferente daquelas tradicionais que estamos habituados a ver, como basquete, atletismo, natação e tênis", explica Zamora. E a iniciativa deu certo. "Em apenas quatro dias de feira, tivemos 125 testes no carro. Um número que não esperávamos", disse Paulo em entrevista à Folha de Alphaville, na edição de 05/09/2008. Era a senha de que haveria bastante aceitação. "Busquei patrocínio para colocar a idéia de pé, afinal, o kartismo não é barato, e a Dolly e a Tecper me apoiaram", falou Domingos. E em 2008, cerca de um ano e meio após os primeiros testes, aconteceu o I Campeonato Paulista de Parakart, disputado por dez pilotos, no kartódromo da Granja Viana.
Se engana quem pensa que a modalidade surgiu apenas como um passatempo. "A intenção deste campeonato é fazer do esporte mais uma forma de inclusão da pessoa deficiente na sociedade. Espero que as corridas de kart sejam uma porta de entrada para outras categorias, como o automobilismo", disse Paulo, antes da primeira prova. Opinião compartilhada por Mingos, para quem só o fato de precisar pagar para correr, ainda que uma quantia simbólica (R$350 por mês), já incentiva os pilotos a buscarem patrocínios pessoais e fazerem do esporte o seu ganha-pão. "Tem já alguns pilotos aqui que vivem disso e outros que se profissionalizam em categorias maiores", explica. Caso do curitibano Sérgio Vida, 44, piloto campeão do Parakart em 2008, com vitória em todas as provas disputadas, diga-se de passagem, que recebeu um convite para participar da Stock Light em 2009. "Pretendo continuar na Stock e, se puder, em 2011 tentar ir para a principal. Este é o objetivo de todos que estão aqui na categoria de acesso."
Objetivo que Marcos Vieira dos Santos, o Morcego, 3º colocado no ano passado e Rodolfo Cano, 11º, ainda correm atrás. "Pretendo crescer no automobilismo, mas para isso estou atrás de patrocínios e apoios. Já existe um cadeirante na Stock Light e também quero um dia ir pra lá, evoluir", diz Morcego. "Eu espero o mesmo. Se estiver bem, fazendo grandes resultados, quero ser reconhecido numa categoria maior algum dia", completou Rodolfo, às vésperas do primeiro treino oficial do ano, em 03 de março. A primeira etapa do Campeonato de 2010 aconteceu três dias depois. Atualmente, em sua terceira edição, 21 pilotos participam da disputa.

Rodolfo Cano

A minha história no kart começou por acaso. Fui assistir alguns amigos correrem, em Valinhos, minha cidade natal, e me interessei. Comentei com minha mãe que gostaria de correr e ela pediu para minha irmã dar uma olhada na internet e ver como funcionava. Ela achou o site do Parakart, ligou e vim fazer o teste. Apesar de nunca ter corrido, me saí muito bem. Decidi continuar. Espero um dia ser reconhecido e migrar para uma categoria maior.

Marcos Vieira dos Santos (Morcego)

Conheci a modalidade por meio de um amigo que já participava do projeto. Ele me incentivou a começar, e como gostava de automobilismo, vim conhecer e fiquei. Isto foi em 2008. Aí no ano passado fui terceiro colocado, porque tive uns problemas de saúde e precisei me ausentar de algumas provas. Pretendo crescer no automobilismo e disputar campeonatos em categorias maiores.

Priscila Aprigio

Cheguei ao kart por meio do Rony (Ederson), que já pilotava e sempre insistia em nossas conversas para eu tentar. Então vim e fiquei bastante entusiasmada com os treinos, comecei a me dedicar. Ainda procuro patrocínio para entrar nos campeonatos e adquirir meu próprio carro. A minha idéia é prosseguir na modalidade - esportes que envolvem adrenalina e velocidade me motivam bastante -, ajudar na criação de uma categoria feminina e fazer minha carreira.

Parakart

Os treinos e as etapas do Campeonato Paulista de Parakart acontecem duas vezes por mês, sempre no Kartódromo da Granja Viana, na rua Dr. Tomas Sepe, 443, Jardim da Glória, em Cotia. Os interessados também podem acessar o site www.parakart.com.br




Fonte: Uol

DEFICIENTE ALERTA foi criado para orientar,educar,protestar e ajudar todos com deficiência. www.deficientealerta.blogspot.com

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