sexta-feira, 18 de junho de 2010

Dica de turismo: Florianópolis

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Cidade da região Sul do País tem quase uma centena de lindas praias e muitas atividades para todos os gostos e bolsos. Pessoas com deficiência, em especial os cadeirantes, encontram locais públicos acessíveis.



Do livro Guia Brasil para Todos, de Andrea Schwarz e Jaques Haber

Uma cidade em busca de um novo nome? Feita assim, de sopetão, a pergunta pode surpreender. Mas não se nos debruçarmos sobre a história de Florianópolis (SC). Em 283 anos de vida, a capital de Santa Catarina mudou três vezes: nasceu como Ilha de Santa Catarina, passou a chamar-se Nossa Senhora do Desterro, e, depois, simplesmente Desterro. Pelo fato de a palavra lembrar exílio, degredo, os habitantes passaram a debater a necessidade de mudá-lo uma vez mais. O impasse foi resolvido por sugestão do governador à época, Hercílio Luz, que defendeu a adoção de Florianópolis (cidade de Floriano), em homenagem ao segundo presidente brasileiro da era republicana, Floriano Peixoto. Adivinhe? Não sem nova polêmica. É que o militar havia sufocado a oposição de moradores de Desterro a seu governo, enviando tropas à ilha. Resultado: geração após geração, parte da população cresceu ouvindo falar mal de Floriano e, por isso, pouco feliz com o nome da cidade natal. Não é coincidência, portanto, que cada vez mais gente adote o diminutivo Floripa, carinhoso e sem o sentido de pertencimento que o sufixo grego polis (cidade) apõe à designação oficial, como a forma ideal.
Claro, toda essa discussão passa ao largo da maioria dos moradores, que acredita que o que a cidade é, não resta dúvida, é mais importante do que como ela se chama. E Florianópolis, ou Floripa, cada vez mais é uma cidade que se afirma como um destino atraente: para se viver ou visitar. Desde 2000, a capital catarinense lidera o ranking de qualidade de vida da ONU entre as grandes metrópoles brasileiras – o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). As características da metrópole favorecem que permaneça no topo da lista por muito tempo. Com 97% de seu território ocupando a Ilha de Santa Catarina – os 3% restantes estão no Continente –, e uma população enxuta (402 mil habitantes), Florianópolis tem seu crescimento limitado pelas próprias dimensões. A ilha toda tem a extensão máxima de 52 quilômetros, por 18 quilômetros de largura. Nesses 936 quilômetros quadrados de território – o equivalente a 114 campos de futebol (medidas oficiais da FIFA) – as praias ocupam boa parte do espaço. Na última contagem, chegou-se a 100, das quais cerca de 40 são consideradas praias com P maiúsculo. Tradução: procuradas por turistas. Faz sentido.
O turismo é, ao lado do comércio e da construção civil – este setor, em boa medida, impulsionado por empreendimentos turísticos – a base da economia local. Em outras palavras, aqui o turista é mais do que bem-vindo – incluindo argentinos. Houve época em que uma das praias da capital foi literalmente tomada por eles, Ponta das Canas. Com o peso valorizado, então, eles chegavam por terra e ar no verão, cabelos longos em desalinho e o inconfundível sotaque platense, comum a uruguaios de Montevidéu, que faz duplos L numa palavra virarem J e o discurso ser regido pelo tratamento na segunda pessoa do plural (vos) em vez do singular (tu), como na maioria dos países de língua espanhola.
Em algumas praias, como Joaquina, o vento é, de fato, personagem importante. Ele garante boas ondas aos surfistas, que dominam a paisagem nesta que é a maior enseada da ilha (3 quilômetros de extensão), e revolve as dunas quando ganha força, num belo espetáculo para as câmeras e tormento para os olhos.
Assim como na Joaquina, o perfil da praia define o tipo de frequentador que terá. Armação, Barra da Lagoa, Ponta das Canas e Canasvieiras, mais tranquilas, atraem famílias. Já a do Santinho, onde está o imponente resort Costão do Santinho, atrai casais – muitos deles em lua-de-mel. No meio da ilha, uma mar de água doce atrai frequentadores para seus bares e restaurantes: a Lagoa da Conceição. Hora de parar o passeio para dar uma volta de pedalinho, caiaque ou bicicleta (aquática), com a prestativa ajuda do pessoal da técnica para embarcar, desembarcar e pegar os macetes da atração. Esta área da cidade disputa a preferência de fanáticos pela especialidade da ilha, o camarão ao bafo, com a retirada Santo Antônio de Lisboa – vilarejo que preserva casarios do século XVIII a que se chega pela SC 401, mais ou menos na metade do trajeto em direção ao extremo sul da ilha.
O cultivo de camarões, e de ostras, em “lanternas” que se pode ver da rodovia 101, a que liga Florianópolis a Porto Alegre e, no sentido oposto, a Curitiba, acende a curiosidade dos viajantes e lhes desperta o apetite quando sabem que esses aparatos em forma de gaiolas estão forrados de potenciais iguarias.
Floripa está bem servida em termos de opções gastronômicas, oferecendo a quem não é fã de comida vinda do mar (isso é possível?) opções que vão da cozinha internacional às infalíveis pizzas, e massas de toda ordem. Cada qual levando um toque especial da terra. No caso, mais português do que italiano, já que a maior parte dos imigrantes que se fixaram na ilha provém dos Açores – arquipélago português a oeste da Península Ibérica.
A presença açoriana não está só na comida, mas também incrustada na arquitetura de Florianópolis – seja em sua parte ilha como em sua porção continental. E está registrada nos principais espaços que contam a história da cidade. Boa parte dessas atrações está localizada no Centro, como o Museu Histórico de Santa Catarina – Palácio Cruz e Souza, que já foi sede do governo e recebeu, em bailes que ficaram na memória, as visitas dos imperadores Pedro I e Pedro II. Além de informações que remontam à formação da antiga Vila do Desterro, o visitante pode apreciar o imponente jardim. As alamedas que o circundam oferecem boa acessibilidade para cadeirantes.
O Forte Santana, de 1765, é outra parada obrigatória. Situado sob a Ponte Hercílio Luz, revela traços de um período em que o horizonte era visto com receio, e não esperança. Os canhões apontados para o mar contam que a cidade estava preparada para rechaçar qualquer invasão estrangeira – oficial ou de apátridas. Próximo dali, o turista conhece o Museu de Armas Major Lara Ribas, que exibe armamento utilizado por soldados na Primeira e Segunda Guerra Mundiais – que sejam as últimas.
A chegada ao Largo da Alfândega dá acesso a uma das feirinhas da cidade. Hora de escolher suvenires entre peças do artesanato local, feitas de madeira ou cerâmica. Feito isso, confira os atrativos do Mercado Público Municipal – construção histórica, de 1898, há 111 anos um dos points da cidade. O Mercado tem importância não apenas por ter servido de entreposto comercial, mas também porque o debate que se travou em torno do lugar onde deveria ser construído originou a criação dos dois primeiros partidos políticos locais, na primeira metade do século XIX. Desde então, ele mobiliza paixões. Em 2005, um incêndio destruiu a ala norte. Depois de restaurado, recobrou o vigor de outros tempos e passou a ser mais bem cuidado. Na ala recuperada, vendem-se produtos como chapéus, calçados, bolsas e bijuterias, enquanto na ala sul estão as lojas, ou boxes, que vendem peixes e frutos do mar frescos – para levar ou para comer ali mesmo, acompanhado de amigos, jogando con-versa fora. O Box 32 é um dos botecos favoritos dos frequentadores.
O Centro Histórico abriga as principais igrejas de Floripa, entre elas a Catedral Metropolitana, erguida em 1773, e a Igreja de São Francisco, de 1815 – ambas tombadas pelo Patrimônio Histórico e revestidas com detalhes do período barroco. Em todas, a circulação interna é adequada para cadeiras de rodas, mas o entorno requer atenção, principalmente as escadarias de acesso à Catedral, que mereceriam um reestudo de utilização para contemplar a acessibilidade de pessoas com deficiência.
Tradicional e, ao mesmo tempo, contemporânea, eclética em oferta de atrações, Floripa consolidou-se definitivamente como um destino a ser visitado.


Fonte: Portal Vida Mais Livre

DEFICIENTE ALERTA foi criado para orientar,educar,protestar e ajudar todos com deficiência. www.deficientealerta.blogspot.com

Um comentário:

  1. Olá.
    Parabéns pela iniciativa de criar e atualizar esse blog falando sobre um tema tão importante e muitas vezes ignorado.
    Um grande abraço.

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