domingo, 27 de junho de 2010

Espaço Unibanco exibe o lançamento de “Futebol Além dos Sentidos”

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Curta metragem trabalha inclusão e tolerância tendo o futebol como pano de fundo. Ele será lançado em 30/06, às 20h30, em Salvador, e terá cópia com legendas para os surdos e com audiodescrição.

Um cego. Um surdo. 32mil torcedores. Infinitas sensações. Esse é o mote do curta metragem “Futebol Além dos Sentidos”, que será lançado em ritmo de Copa do Mundo, no dia 30 de junho (quarta-feira), às 20h30, em sessão gratuita, no Espaço Unibanco Glauber Rocha, em Salvador (BA).
Com duração de 15 minutos, o filme acompanha a ida de Valnei Alves Ferreira, um cego nato torcedor do Vitória e de Everaldo Pereira dos Santos, torcedor do Bahia e surdo também de nascença, a um estádio de futebol para um BA x VI, hábito que alimentam desde a infância. Além dos outros 32 mil torcedores, o curta também conta com a participação de Edmilson Evangelista, intérprete de Everaldo.
Embalado pelas diferentes possibilidades de se perceber a realidade e pelo respeito às diversidades, Futebol Além dos Sentidos será exibido em duas salas, sendo uma cópia especial com legendagem (legendas que compõem, para os surdos, uma narrativa que complementa as imagens) e audiodescrição (um recurso de acessibilidade que permite que as pessoas com deficiência visual possam assistir e entender melhor filmes, peças de teatro, programas de TV, e outros, ouvindo o que pode ser visto).
Todo esse trabalho foi realizado pelo grupo de pesquisa da UFBA Tramad (Tradução, Mídia e Audiodescrição) que, inclusive, realizou a mesma tarefa para o longa Ensaio Sobre a Cegueira, do cineasta Fernando Meireles. A abertura contará também com uma intervenção do artista Naum Bandeira e exposição de fotos de Alessandra Nohvais e Hilda Almeida.
Vencedor do Edital de Apoio à Produção de Curta Metragem 2008 - promovido pela Secretaria de Cultura do Estado, através do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB), Futebol Além dos Sentidos é dirigido pela jovem cineasta, Luciana Queiroz, e co-dirigido por Sabrina Alves, também com intensa atuação em cinema, vídeo e televisão. Queiroz assina também o roteiro juntamente com Priscilla Andreata, roteirista, autora do argumento do filme e mestre em sociologia pela UFBA com um estudo sobre o futebol como negócio e trabalho (intitulado A Prata da Casa: a mercadoria força de trabalho no Brasil pós Lei Pelé).
Futebol Além dos Sentidos é uma realização da produtora Olho de Peixe Filmes (BA), dirigida por Cristiano Britto e co-realização da Santo Forte (BA), dirigida por Amadeu Alban e João Calmon.
Com Futebol Além dos Sentidos, a Olho de Peixe Filmes estreia no cinema. A produtora atua há sete anos com produção de conteúdo audiovisual, voltando-se principalmente para a televisão.

Infinitas Sensações

A chegada ao estádio, a comunicação com outros torcedores, a comemoração de um gol a favor, a desolação por um gol adversário. Múltiplas possibilidades de um mesmo jogo de futebol, sob o ponto de vista de diferentes torcedores, entre eles, um cego e um surdo.
Desta vez, o futebol, paixão nacional - agora ainda mais exacerbada pela Copa do Mundo - é utilizado como uma metáfora da inclusão e da tolerância. "Conhecemos diferentes pontos de vista de um mesmo jogo no estádio, e não só pelos lugares distintos ou pelo jeito mais ou menos efusivo de torcer. A ideia é se colocar no lugar do outro, é descobrir modos diversos de ver o futebol, mas também a vida. Porque, para falar como o sóciologo Stven Lukes ‘cada maneira de ver é igualmente uma maneira de não ver'", explica Andreata.
Segundo Luciana Queiroz, a linguagem subjetiva do filme também convida o público a experimentar o jogo a partir das sensações principalmente de um cego e de um surdo. "Trata-se de um filme extremamente experimental. Optamos por uma linguagem subjetiva do início ao fim, planos mais abertos, procurando ser o mais fiel possível ao do olho humano, numa proposta em que o áudio tem tanta importância quanto as imagens. Foi uma aventura gravar em meio à final do campeonato baiano, com o estádio lotado, mas no final acho que conseguimos fazer um filme bem sinestésico.”
A co-diretora, Sabrina Alves, concorda com Luciana. "Nessa experiência de captar de forma subjetiva, automaticamente fui me colocando no lugar dos personagens, dos outros torcedores e de mim mesma e, aos poucos, fui percebendo que a mesma cena pode provocar sensações absolutamente distintas a depender do referencial e dos recursos utilizados por quem a vê", acrescenta Sabrina. Para a co-diretora, as experiências são distintas, porém possuem igual riqueza. "Não são maiores nem menores, não são mais fracas nem mais fortes. São diferentes. E perceber a graça de cada um desses pontos de vista eu acredito que seja a principal vivência dessa projeção".

Pesquisa

Para a escolha dos personagens, a equipe realizou uma pesquisa que envolveu diversas entrevistas, contando com o apoio direto do Instituto de Cegos da Bahia, da Associação Baiana de Cegos e do Centro de Surdos da Bahia. "Foi uma experiência muito interessante. “Descobrimos que Valnei percebe a presença da luz, ao contrário do que imaginávamos, de uma escuridão total, e que Everaldo, a depender do volume e intensidade, sente o som, pela vibração do seu corpo", conta Luciana.
A escolha de um BA x VI como pano de fundo da narrativa não foi aleatória. De acordo com a equipe, segue a mesma proposta de inclusão que permeia o filme, já que Bahia e Vitória, apesar de terem torcidas representativas, tanto do ponto de vista de presença de público no estádio, quanto em geração de renda, não ocupam um espaço proporcional na cobertura esportiva brasileira.

Fonte: Aldeia Nagô e blogdaaudiodescricao.blogspot.com

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