"Deficiente é o olhar de quem estigmatiza, exclui, rotula"
Jaime Leitão
O Brasil, nos últimos anos, avançou no modo como trata pessoas portadoras de deficiência, mas precisa avançar muito mais. O preconceito é ainda uma grande pedra que impede que pessoas com capacidade comprovada exerçam a sua função, por terem uma limitação que não limita o seu desempenho.
Há deficientes muito mais produtivos do que quem não possui deficiência nenhuma. Deficiente é o olhar de quem estigmatiza, exclui, rotula.
O caso mais recente aconteceu em Jales, interior de São Paulo. O médico veterinário João Paulo Fernandes Buosi foi aprovado em primeiro lugar em um concurso público para atuar como fiscal do Conselho de Medicina Veterinária. O que causou estranheza foi o fato de que o segundo colocado foi chamado para preencher a vaga e ele, o primeiro, ficou esperando sem ser convocado. Angustiado, percebeu que a sua condição de cadeirante é que havia determinado a inversão na classificação dos candidatos.
No edital do concurso, não havia nenhum impedimento para que ele participasse. Ao contrário, algumas vagas estavam reservadas a deficientes. O representante do Conselho de Medicina Veterinária afirmou que o candidato não foi chamado porque não se enquadrava nos requisitos para o cargo, mas, agora, depois que o fato veio a público, a posição será revista. Foi preciso denunciar para que a situação mudasse.
João Paulo já exerceu cargo semelhante no Paraná. A sua frustração foi grande, mas ele foi à luta, exigindo os seus direitos. Há muitos outros casos dessa natureza ocorrendo, que não são denunciados, que reforçam a discriminação e atrasam o processo de inclusão de um grande número de pessoas.
Inclusão é uma palavra tão utilizada atualmente, mas, muitas vezes, por não ser feita de fato, cai no vazio. Cadeirantes e portadores de outras deficiências já provaram a sua capacidade exercendo os mais diversos cargos.
A sociedade precisa rever padrões enraizados que excluem quem possui alguma diferença. Os deficientes querem espaço para trabalhar, mas quando conseguem passar em um concurso e não são chamados, ou enfrentam obstáculos como falta de rampa e de acessos que permitam que cheguem até o local de trabalho, sofrem um grande golpe.
Só reclamando, reagindo contra o preconceito é que evoluiremos. Ao transitar hoje pela calçada, percebi como é difícil andar, com tantos buracos e imperfeições, independente da idade e da condição física. O drama de um deficiente ou de um idoso, então, é muito maior.
O preconceito é uma presença incômoda. Não pode ser cultivado como uma segunda pele, mas extirpado como uma doença que deteriora o caráter de quem o possui e insiste em mantê-lo próximo de si. O preconceito é a grande mancha que só desaparece quando há mudança de atitude. E é preciso combatê-lo a todo momento, com firmeza.
(O autor é cronista, poeta, autor teatral e professor de redaçãomailto:jaimeleitao@linkway.com.br).
Jaime Leitão
O Brasil, nos últimos anos, avançou no modo como trata pessoas portadoras de deficiência, mas precisa avançar muito mais. O preconceito é ainda uma grande pedra que impede que pessoas com capacidade comprovada exerçam a sua função, por terem uma limitação que não limita o seu desempenho.
Há deficientes muito mais produtivos do que quem não possui deficiência nenhuma. Deficiente é o olhar de quem estigmatiza, exclui, rotula.
O caso mais recente aconteceu em Jales, interior de São Paulo. O médico veterinário João Paulo Fernandes Buosi foi aprovado em primeiro lugar em um concurso público para atuar como fiscal do Conselho de Medicina Veterinária. O que causou estranheza foi o fato de que o segundo colocado foi chamado para preencher a vaga e ele, o primeiro, ficou esperando sem ser convocado. Angustiado, percebeu que a sua condição de cadeirante é que havia determinado a inversão na classificação dos candidatos.
No edital do concurso, não havia nenhum impedimento para que ele participasse. Ao contrário, algumas vagas estavam reservadas a deficientes. O representante do Conselho de Medicina Veterinária afirmou que o candidato não foi chamado porque não se enquadrava nos requisitos para o cargo, mas, agora, depois que o fato veio a público, a posição será revista. Foi preciso denunciar para que a situação mudasse.
João Paulo já exerceu cargo semelhante no Paraná. A sua frustração foi grande, mas ele foi à luta, exigindo os seus direitos. Há muitos outros casos dessa natureza ocorrendo, que não são denunciados, que reforçam a discriminação e atrasam o processo de inclusão de um grande número de pessoas.
Inclusão é uma palavra tão utilizada atualmente, mas, muitas vezes, por não ser feita de fato, cai no vazio. Cadeirantes e portadores de outras deficiências já provaram a sua capacidade exercendo os mais diversos cargos.
A sociedade precisa rever padrões enraizados que excluem quem possui alguma diferença. Os deficientes querem espaço para trabalhar, mas quando conseguem passar em um concurso e não são chamados, ou enfrentam obstáculos como falta de rampa e de acessos que permitam que cheguem até o local de trabalho, sofrem um grande golpe.
Só reclamando, reagindo contra o preconceito é que evoluiremos. Ao transitar hoje pela calçada, percebi como é difícil andar, com tantos buracos e imperfeições, independente da idade e da condição física. O drama de um deficiente ou de um idoso, então, é muito maior.
O preconceito é uma presença incômoda. Não pode ser cultivado como uma segunda pele, mas extirpado como uma doença que deteriora o caráter de quem o possui e insiste em mantê-lo próximo de si. O preconceito é a grande mancha que só desaparece quando há mudança de atitude. E é preciso combatê-lo a todo momento, com firmeza.
(O autor é cronista, poeta, autor teatral e professor de redaçãomailto:jaimeleitao@linkway.com.br).
Foto: Google Imagens
Fonte: Jornal Cidade
DEFICIENTE ALERTA foi criado para orientar,educar,protestar e ajudar todos com deficiência. www.deficientealerta.blogspot.com
Fonte: Jornal Cidade
DEFICIENTE ALERTA foi criado para orientar,educar,protestar e ajudar todos com deficiência. www.deficientealerta.blogspot.com
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