Economia brasileira exclui pessoas com deficiência: uma péssima notícia para consumidores e vendedores
Isabela Morais
Investir em acessibilidade pode ser mais do que um ato de responsabilidade social e cidadania. O investimento em setores do mercado que visem o atendimento ao público com alguma deficiência pode ser também um excelente negócio. O IBGE, no último Censo realizado no país, em 2000, registrou que o Brasil tem aproximadamente 14,5% da população com algum tipo de deficiência: um público de 27 milhões de pessoas (com dados atualizados da população) com poder de consumo estimado em R$ 5 bilhões. No mundo, segundo a OMS, são 610 milhões de pessoas, sendo 386 milhões economicamente ativas.
A economia, em geral, é inacessível. Apesar do número expressivo dessa população no Brasil, o que representa uma fatia considerável para um possível mercado consumidor, as empresas parecem ignorar o potencial de consumo desse público. Segundo Adriana Letícia Lage Gomes, 32 anos, funcionária pública de Belo Horizonte e cadeirante há muita dificuldade para encontrar produtos e serviços acessíveis. Como são poucas as empresas que oferecem tais mercadorias, a concorrência é pequena e por isso “os produtos adaptados ainda possuem um custo muito elevado”, diz. O preço abusivo não encontra correspondência com a vontade de consumir, “sempre dentro do meu orçamento, busco adquirir produtos e serviços que melhorem minha qualidade de vida”, diz Adriana. Além de produtos e serviços, a falta de acessibilidade também está no preparo dos lojistas; Adriana revela já ter passado por situações constrangedoras, quando vendedoras recusavam-se a atendê-la, imaginando que pessoas com deficiência não têm renda. O Censo 2000 registrou que a renda média desse segmento da população é pouco inferior à média do resto da população, apenas R$ 114,00.
Mesmo sendo um mercado restrito, um serviço em especial vem ganhando destaque na área; a adaptação de carros. Em São Paulo, ano passado, foram registradas vendas mensais de até 30 unidades de veículos adaptados ou readaptados por loja. Com as vendas em expansão e a confirmação de que pessoas com deficiência têm grande poder de consumo, algumas concessionárias já estão pensando numa acessibilidade maior. A concessionária Honda Daitan inaugurou no primeiro semestre de 2009 uma loja no Jabaquara que já possui um carrinho de golfe que permite a visita sem a necessidade de subir ou descer escadas.
Renato Laurenti, 48 anos é cadeirante e empresário. Junto com João Pacheco, criou em 2008 uma loja virtual especializada no atendimento a pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida. A criação da “Como Ir!” surgiu com o pensamento na acessibilidade, “eu e o João, ao sentirmos as dificuldades para comprar os produtos fundamentais para o dia-a-dia em São Paulo, imaginamos como deveria ser muito mais complicado o acesso a esses produtos em regiões menos favorecidas do Brasil”, diz. Os produtos são diversos, desde cadeiras de rodas até materiais para contenção de incontinência urinária, talheres com cabos adaptados e roupas especiais. Renato reforça que o mercado nessa área ainda é pouco explorado, mas está crescendo.
Um agente capaz de garantir que as pessoas com deficiência tenham acesso à vida econômica do país é o poder público. Nesse sentido, a vereadora de São Paulo, Mara Gabrilli lembra que, como forma de estimular esse acesso e garantir renda, há no Brasil desde 1991 a Lei de Cotas (8.213/91) que obriga as empresas com mais de 100 funcionários a contratar pessoas com deficiência numa determinada porcentagem. Mas Mara também ressalta que, apesar do potencial das empresas para atender esse público, o que falta é informação e vontade de investir.
Fonte: Rede Saci
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