sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Paralisado cebrebral: construção da identidade na exclusão

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Paralisado cebrebral: construção da identidade na exclusão, por Suely Satow. 3ª ed. revista e ampliada. Cabral Ed. e Livraria Universitária.

“O objetivo desta pesquisa é investigar a formação da identidade em pessoas socialmente ativas que tem a deficiência conhecida como paralisia cerebral[1]: busco saber como e por que estas pessoas com deficiência não se tornaram o que número expressivo deles se torna: um ser socialmente inativo e invisível.
Escolhi este segmento social porque sou uma paralisada cerebral, com comprometimento físico leve, tendo como única barreira de atuação social mais intensa a identidade social reificada, ou os preconceitos que me são impostos a partir de minha apresentação física e de dificuldades mínimas de coordenação motora e fala.
Concluí meu mestrado com uma pesquisa sobre a identidade de um militante político com deficiência física. Nesta caminhada, tornei-me também militante pelos direitos das pessoas com deficiência. Terminado o curso de mestrado, quis dar continuidade à pesquisa, mas estava na dúvida entre estudar o movimento social deste segmento, ou pesquisar a identidade do segmento de pessoas paralisadas cerebrais. Acabei por escolher trabalhar com pessoas paralisadas cerebrais por diversas razões.
Nas reuniões do movimento, compareciam muito poucos paralisados cerebrais e os que vinham eram vistos como inferiores por seus próprios companheiros de luta. Minha condição de paralisada cerebral, militante de um movimento político apartidário em luta pelos direitos das pessoas com deficiência, levou-me a pesquisar as condições deste segmento, tão pouco conhecido pelo público leigo e pela academia.
Na verdade, quando se fala em deficiência física, as pessoas logo têm a imagem de um paraplégico que, em geral, adquiriu a deficiência na adolescência ou em idade adulta (por exemplo, lesado medular em conseqüência de acidente de automóvel); tanto do ponto de vista físico quanto psíquico, porém, as condições do pc, que já nasce ou torna-se em em criança, são bastante diferentes. No caso de um sequelado de poliomielite, ou no de um paraplégico ou tetraplégico, quando se encontra sentado conversando, por exemplo, a aparência física, aproximada dos padrões da normalidade, não é tão desviante quanto a de um paralisado cerebral.
Finalmente, decidi-me por este tema após participar do X Congresso Brasileiro de Paralisia Cerebral (realizado em São Paulo em 1989), onde assisti à palestra em que um psiquiatra, renomado em meio aos profissionais ligados à reabilitação, simplesmente “colou” a psicologia dos pessoas com deficiência mental para os paralisados cerebrais, o que não se aplica em absoluto. Foi neste instante que percebi a necessidade premente de aprofundar a pesquisa sobre a identidade dos paralisados cerebrais.
O estigma e o desconhecimento da realidade do paralisado cerebral têm sido responsáveis pela exclusão deste segmento do meio social em que vive. O exame da difícil construção de identidade na exclusão apoiou-se na tese sobre o estigma de Goffman, nos escritos sobre identidade de Habermas e Ciampa e na teoria do sentimento de Agnes Heller.”

[1] Chama-se paralisado cerebral (pc) a todo portador de deficiência física originada de lesão cerebral, de qualquer ordem, adquirida em geral antes ou durante, mas também após o nascimento. Explico e discuto essa condição no capítulo sobre identidade, à p.10.

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Fonte: Agência Inclusive

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