quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Deficientes visuais descobrem pelo tato como são os animais expostos

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Em visita ao Zoológico de Brasília, crianças e adolescentes deficientes visuais descobriram a aventura de sentir como são os animais expostos. Eles o fizeram tocando, parte a parte, algumas espécies do Museu de Taxidermia local

Passear pelo Zoológico de Brasília nunca foi tão divertido para um grupo de crianças deficientes visuais. Ontem pela manhã, 16 meninos e meninas entre quatro e 11 anos do Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais enfrentaram mais uma prova de coragem. Mesmo com as limitações visuais, eles arriscaram passar a mão em animais como girafas, tartarugas e até em serpentes vivas. Tudo foi feito com a supervisão de monitores experientes do zoo. O Museu de Taxidermia, onde 420 animais estão empalhados, foi o último espaço por onde as crianças passaram e experimentaram emoções nunca antes vividas. No local, os pequenos tocaram uma onça, um jacaré, um lobo-guará e um papagaio, entre outros espécies.
Wesley Lima Dias, 7 anos, era um dos mais animados. Um dia antes da visita, ele demonstrou empolgação, mas na hora de tocar nos bichos ficou receoso. O medo, entretanto, durou poucos minutos: Wesley resolveu se soltar e segurar firmemente um jacaré empalhado. Depois de perceber que ele não podia lhe fazer mal nenhum, o menino não hesitou em passar os dedos entre os dentes afiados do réptil. Wesley perdeu a visão aos cinco anos, por causa de um tumor maligno originário de células da retina chamado retinoblastoma. Morador de Águas Lindas de Goiás, ontem foi a primeira vez que Wesley esteve em um zoológico. Para sua mãe, a dona de casa Ivaneide Batista Dias, 33, a experiência não poderia ser melhor. “Ele estava muito ansioso para pegar na onça, mas quando chegou aqui (no zoológico), ficou com muito medo. Mesmo assim, pegou nela”, contou Ivaneide.
Para o monitor Matheus Reino, 22 anos, o toque nos animais permite a formação de imagens no cérebro das crianças. “Muitos sabem o que é um gato ou um cachorro porque estão sempre convivendo com eles em casa, mas a girafa só dá para saber que é grande. Não dá para tocar”, comparou. “O deficiente visual, quando toca algo, passa do abstrato para o concreto. Passa a ter uma imagem real em sua cabeça”, explicou a professora de atividades do colégio, Cláudia Maria Rodrigues de Souza.
Outra criança que estava sorridente era a pequena Sara de Oliveira Ferreira, 6 anos. Ela contou as patas do lobo-guará. “Um, dois, três, quatro”, enumerou, enquanto tocava cada membro do animal. Adriel de Azevedo, 5 anos, e Gustavo Cotrim de Assis, 4, não desperdiçaram nenhum momento ao lado da onça. Posaram para fotos e acariciaram o felino empalhado da cabeça aos pés. “Ele é peludo”, resumiu Adriel, timidamente. “Queria levar um desses para mim”, disparou outro coleguinha que acariciava um papagaio. Segundo a coordenadora de educação infantil do centro de ensino especial, o passeio teve cunho pedagógico e social. “Para eles é muito importante tocar no animal para poder formar uma imagem visual. Até então, tudo era abstrato. Foi um aprendizado muito grande, com certeza”, destacou.

Projeto Toque

A visitação de adultos e crianças portadores de necessidades especiais ao Zoológico de Brasília ocorre todos os meses. São grupos de 50 a 100 pessoas que circulam livremente pelo espaço onde podem ser vistos animais de várias espécies. O Museu de Taxidermia surgiu há seis anos com o Projeto Toque, elaborado pela direção do zoológico para atender o público deficiente visual. “A gente leva a pessoa para áreas onde o visitante comum não tem acesso. O museu permite transmitir algumas informações sobre animais silvestres a quem tem alguma dificuldade visual”, explicou o diretor do zoológico, Raul Gonzales.
Segundo ele, várias experiências positivas foram verificadas ao longo do projeto. “Eu já fui testemunha de um deficiente visual que pediu para desenhar um tamanduá-bandeira sem tocar no animal. O desenho saiu sem sentido algum. Depois de tocar o tamanduá, ele pediu para desenhar de novo e a imagem saiu completamente diferente da primeira”, contou Gonzales.
Para melhorar ainda mais as condições de visitação, até o fim deste mês, o zoológico ganhará dois grandes mapas em Braille para ajudar a orientar os deficientes visuais. Cada um, ao custo de R$ 1 mil, foi feito de resina por uma empresa especializada de Brasília. Por meio do tato, os deficientes visuais poderão saber onde estão todos os bichos. Um desses mapas ficará logo na entrada e outro, no meio do parque.

Fonte: Correio Braziliense

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