Grupo teve aula de percussão e conheceu samba-enredo da Mocidade Alegre. Visita faz parte de projeto que inclui outras duas escolas de São Paulo
Um grupo formado por 15 deficientes visuais visitou, na tarde deste domingo (23), a quadra da escola de samba Mocidade Alegre, na Zona Norte de São Paulo. Durante a visita, eles tocaram nos instrumentos, sentiram quatro fantasias com as pontas dos dedos e também participaram de aulas com percussionistas da escola.
“Deu para saber como é. Achei as fantasias muito elegantes”, conta Zilda Procedino, de 50 anos, que perdeu totalmente a visão após uma infecção ter atingido os olhos. Ela lembra que até os 24 anos, quando deixou de enxergar, costumava acompanhar o carnaval pela televisão. Hoje, ela pensa em desfilar.
Curioso para saber todos os detalhes que podem consagrar ou tirar o título de uma escola de samba, o advogado Marcos Bernardo Rodrigues, que nasceu cego, perguntava tudo para o carnavalesco da Mocidade, Sidnei França. Rodrigues conta que sempre gostou das letras dos sambas-enredos. “Neste ano eu vou desfilar pela Rosas de Ouro”, conta.
José Dilson Pereira dos Santos tem 32 anos e perdeu a visão quando tinha 24. “Já empurrei muitos carros na avenida. Nunca tinha encostado em um instrumento musical e quero fazer isso mais vezes”, disse.
Os 15 deficientes visuais receberam um resumo sobre o enredo da Mocidade Alegre em braile. Neste ano, a escola leva para a avenida o samba-enredo “Carrossel das Ilusões”, com carros que mostram coelhos saindo de cartolas e a Terra do Nunca, de Peter Pan.
A visita faz parte do projeto “Carnaval Paulistano – Só Não Vê Quem Não Quer”, uma parceria entre a São Paulo Turismo (SPTuris), a Prefeitura de São Paulo e o Complexo Educacional FMU. Ao todo, o projeto deverá levar 45 deficientes visuais para três escolas de samba dos grupos Especial e de Acesso. Os próximos destinos serão a Rosas de Ouro, no dia 30, e a Camisa Verde Branco, no dia 2 de fevereiro.
Nos dias dos desfiles das três escolas, os deficientes visuais irão acompanhar, em um camarote no Anhembi, a evolução das agremiações. Uma pessoa irá descrever o que acontece na avenida. Uma semana antes dos desfiles, eles poderão conferir com as mãos maquetes de carros alegóricos que irão para a avenida.
Fonte: G1
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