quarta-feira, 29 de junho de 2011

Deficientes tocam obras de pintores transformadas em esculturas

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A inclusão de deficientes é o objetivo do movimento que começou há 30 anos.
A partir daí, a acessibilidade e o respeito às diferenças ganharam força.


A inclusão das pessoas com deficiência é o objetivo de um movimento social que começou no Brasil há 30 anos. A partir daí, a questão da acessibilidade, as oportunidades no mercado de trabalho e o respeito às diferenças ganharam força. Há exemplos de inclusão dos deficientes em espaços de arte e cultura.
O Memorial da Inclusão, inaugurado em São Paulo há dois anos, conta a história da luta pelos direitos da pessoa com deficiência.
“Cada painel foi construído por alguma pessoa do movimento ou uma pessoa muito ligada a área da deficiência, da inclusão da pessoa com deficiência”, explica Ana Beatriz Iumatti, monitora.
Nesse espaço nós contemplamos o desenho universal. Qualquer pessoa que chegue a este memorial, ela pode ter deficiência auditiva, física, visual, intelectual, ela vai conseguir interagir com o memorial porque ele é acessível para todas as pessoas. Por exemplo, uma pessoa com deficiência visual que chegue ao memorial fica independente. Tem o piso tátil. Ela pode andar por todos os painéis. Se for uma pessoa com deficiência visual que não saiba Braille ou se for uma pessoa analfabeta, ela simplesmente se posiciona em frente ao totem que ela vai ouvir a descrição dos painéis. Em todos os painéis nós temos esses recursos”, esclarece Elza Ambrósio, curadora do memorial.
O memorial traz outras novidades. A exposição temporária reúne obras acessíveis da pinacoteca do estado de São Paulo. A obra Auto Retrato, do pintor carioca Arthur Timótheo da Costa, pode ser observada com as mãos.
“A gente pode estar interagindo nos detalhes. Gostei muito disso e muito da maneira como a gente foi recebido e tratado”, diz a consultora empresarial Lilian Cury.
O quadro Saudade, do artista plástico paulista Almeida Junior, ganhou versão em três dimensões.
“Eu acho que o que ele quis representar foi alguém relembrando o passado. Essa é a ideia”, explica Markiano Charan Filho, diretor da Associação de Deficientes Visuais e Amigos.
Um grupo de cegos visitou a exposição no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. O convite é de Viviane Sarráf, fundadora da Museus Acessíveis, iniciativa que propõe cultura e arte para todos.
“Quando eu comecei a fazer faculdade de artes visuais me incomodava muito essa coisa de artes serem só visuais e os museus trabalharem só com o sentido da visão. Então eu comecei a pensar como isso poderia ser diferente”, explica Viviane.
Hoje já é diferente. “Existe um áudio guia, que faz toda a áudio descrição da parte visual da exposição para os deficientes visuais; um kit de materiais táteis sobre a exposição. Então, tem várias coisas da exposição que são visuais, como monitores de TV e projeções. Então, para tudo isso a gente tentou fazer materiais táteis para compensar essa primazia da visão”, justifica Viviane.
A exposição é sobre a água. “Cada coisa que entra para o nosso mundo através das mãos constitui imagem cerebral. Ela existe no nosso mundo e vai acabando com aquela ideia de que o mundo do cego é diferente. Entrou pela mão, caiu na cabeça, é ideia”, explica a professora Elza Maria Gianetti.
Elza não perde nenhum detalhe. “Eu sou uma pessoa extremamente curiosa, observadora e gosto de detalhes. Então, aqui eu já estou vendo o barco e já vi como é a pá do remo e o leme”, diz.
O projeto de acessibilidade desenvolvido para a exposição é uma parceria com o Instituto Sangari, que une cultura e ciência.
“Alguns objetos são réplicas e outros são originais. É um material bem interessante para eles”, avalia Pedro Cristalis, coordenador do Instituto Sangari.
“Esse daqui é um barco a vapor. Eles usam carvão para poder fazer funcionar quando não tem vento”, explica Ian, de dez anos.
Ian aproveitou a exposição na companhia do pai, o operador de telemarketing Luis Antonio Isidoro Junior. “Tem alguns barcos que estão dentro de um aquário. Nesse caso eu tenho que descrever para ele como é cada um dos itens para que ele tenha noção de como é cada peça”, diz.
Em uma das partes da exposição, mais do que acessibilidade, eles têm exclusividade. A maioria das pessoas só pode ver de longe, mas eles podem se aproximar das peças.
“Minha sensação é de quem ganhou um prêmio. Eu já fui a vários lugares onde não pode pegar e não pode tocar. E eu falei que pego. Eu tive que me impor. Agora, não. Eu sou convidada a pegar. Isso é muito gratificante”, conclui a deficiente.



Fonte: Ação - 24/06/2011

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