Muitas empresas oferecem esse opção para não terem que se adaptar fisicamente
Marina Pita
Pode ser o sonho de muita gente trabalhar em casa, com uma roupa confortável, perto da geladeira, longe do transporte público e do trânsito caótico das grandes cidades. Para as pessoas com deficiência, no entanto, esta é uma forma das empresas driblarem a lei de cotas e promoverem uma "meia inclusão". "A alternativa do trabalho no próprio domicílio deveria ser apenas para pessoas que realmente não têm condições de locomoção, mas que ainda podem ser produtivas", defende o deficiente visual Robson Batista Pereira.
Aos 32 anos, Pereira está se formando no curso de direito e ainda não conseguiu colocação no mercado de trabalho na área. "Hoje minha especialidade é call center", diz. Segundo ele, diversas empresas já ofereceram a instalação de computador e telefone em sua casa, de forma que não precisaria mais se locomover até o escritório. "Eu não aceitei porque gosto de ir para a rua, enfrentar as dificuldades, conhecer pessoas e poder pedir ajuda ao meu gestor."
Para Paula dos Santos, 43 anos, que sofre de esclerose múltipla, a interação com outras pessoas é fundamental para a verdadeira inclusão, tantos para os deficientes quanto para não deficientes. "As empresas que nos deixam em casa não estão pensando em facilitar a nossa vida exatamente. Acho que estão pensando em não ter de oferecer um ambiente acessível, nem ter de fazer os demais funcionários lidarem com a gente, olhar pra gente."
Afastada há 18 anos do mercado de trabalho, Paula faz um curso de formação no Instituto Pró Cidadania, já contratada por uma empresa, e está animada em voltar a conhecer pessoas. "Esse contato social tem sido rico para mim. Poder ver o mundo para além da minha doença", diz. O contato com os colegas de trabalho e superiores, na opinião de André Pacheco, 36 anos, também é um valioso estimula para as pessoas continuarem crescendo profissionalmente.
"Sei de muita gente que aceitou trabalhar em casa e acabou se sentindo desmotivado, algumas entraram em depressão," diz ele, que também foi diagnosticado com esclerose múltipla. Apesar das pessoas com deficiência terem uma visão negativa do trabalho em casa, também se sentem coagidas a aceitá-los.
"Como é difícil conseguir emprego, quando nos oferecem o home office é difícil negar. Você não quer passar por vagabundo. Mas a verdade é que a gente quer mesmo é trabalhar na empresa", explica Eduardo Jesus Alves, 33 anos, que perdeu uma perna em acidente de moto. Antônio Rodrigues Lins, 39 anos, resume o sentimento dos demais: "a gente quer ter a oportunidade de ver o mundo de uma forma diferente, para além do espaço da casa."
Fonte: Jornal do Brasil
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