Maternidade e vida sexual para portadores de deficiência é tema de debates no 1° Seminário Nacional de Saúde: Direitos Sexuais e Reprodutivos e Pessoas com Deficiência.
O encontro, que começou segunda-feira, dia 23, e termina nesta quarta em Brasília, é promovido pelo Ministério da Saúde e busca fortalecer e conscientizar a sociedade de que a deficiência não é um problema.
De acordo com a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, qualquer pessoa tem direito à vida e à liberdade de escolha. Para a diretora de Políticas de Educação Especial do Ministério da Educação, Martinha Clarete Dutra dos Santos, que tem deficiência visual, a sociedade acredita que o deficiente não é capaz de ter vida sexual ativa, que a mulher portadora de deficiência não pode ser mãe ou que um tetraplégico não pode ser pai.– A falta de informação faz com que a sociedade não entenda que nós não somos deficientes e sim diferentes. Ações como essa são importantes, pois o governo precisa pensar em políticas públicas que possa contribuir para o desenvolvimento dos protadores de deficiência no Brasil – afirmou Martinha Santos.
Namorar, casar e ter filhos não é uma realidade impossível para uma pessoa portadora de deficiência. Segundo Martinha, a sociedade julga a capacidade de essas pessoas tomarem suas próprias decisões.
– Casei aos 19 anos, grávida da minha primeira filha, tive a segunda, mas infelizmente veio a separação – relatou. Martinha disse que sofreu o preconceito da sociedade quando perdeu a guarda de suas filhas para o seu ex-marido, pois a Justiça alegou que ela não teria condições de criá-las.Naira Rodrigues, fonoaudióloga, perdeu a visão completamente após a sua primeira gravidez aos 28 anos.– Os médicos me alertaram que a doença que eu tinha podia se agravar com a gravidez, mas a minha vontade de ser mãe era tanta que não me importei em perder a visão de vez, tanto que tive o segundo. Sinto-me realizada como mulher e eu e os meus filhos vivemos felizes enfrentando muitas barreiras, mas unidos – ressaltou.Naira critica a forma como a mídia trata o assunto, que determina como a sociedade vê a mulher portadora de deficiência na maternidade.– A mídia distorce um pouco a doença e usa um sentimentalismo barato. Tive a experiência de fazer parte de uma matéria onde me trataram como coitadinha, incapaz. Ao invés de mostrar que sou mãe de dois filhos, trabalho, dou aula, enfim, mostrar que sou capaz, me colocaram como uma pessoa incapaz de fazer isso – afirmou.
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