segunda-feira, 8 de junho de 2009

Livro dá dicas de como receber pessoas com deficiência em casa

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Portas entreabertas e objetos no chão são um perigo para os cegos.
Autora Claudia Matarazzo ensina ainda como servir um jantar.

Tetraplégica, uma jovem de 18 anos estava na calçada esperando que o namorado voltasse depois de estacionar o carro. De repente, uma senhora passa e joga moedas no colo da garota. Vai embora sem que a menina pudesse dizer alguma coisa. A história surreal ocorreu em São Paulo é só mais uma contada por deficientes físicos. E essa é só mais uma gafe cometida por quem não sabe lidar com eles. Para mostrar o mundo vivido por cadeirantes, cegos ou surdos, a jornalista Claudia Matarazzo lançou este mês o livro “Vai Encarar? A nação (quase) invisível de pessoas com deficiência”.
Escrito em primeira pessoa, ela ensina de que maneira lidar com homens e mulheres com problemas físicos ou neurológicos. Mostra como eles gostam de ser tratados. Lançada pela Editora Melhoramentos, a publicação fala ainda das dificuldades, das boas ou ruins experiências do cotidiano e deixa que os deficientes dêem seu depoimento em alguns capítulos. A consultoria é da vereadora Mara Gabrilli, que é tetraplégica.

Claudia entende de festas, recepções com autoridades e etiqueta de maneira geral. É a responsável pelo cerimonial do governador de São Paulo, José Serra. No livro, lançado pela editora Melhoramentos, a autora dá dicas de como não falhar ao receber em casa uma pessoa com deficiência. Se o convidado se locomove em cadeira de rodas, o ideal é remover tapetes, afastar móveis, retirar do chão pequenos obstáculos, como esculturas, vasos ou brinquedos.


Posição relojinho

Outra situação: no jantar com os amigos, um deles é deficiente visual. Segundo Claudia, a cortesia começa no portão, onde o anfitrião deve estar para receber o convidado. Se houver uma escada no caminho, é cortês informar o número exato de degraus para evitar acidentes. “Etiqueta é bom senso. Você aplica isso à deficiência das pessoas. O que não pode é criar uma barreira de atitude, criar um muro”, afirma Claudia. À mesa, o dono da casa deve descrever o que será servido. “Uma delicadeza extra seria preparar um cardápio que dispensasse o uso de facas, como picadinhos, massas e risotos”, explica a jornalista no livro. Outra maneira é explicar a disposição da comida no prato, como em um relógio. “Na posição três, tem um pouco de mandioquinha; na seis, está o arroz; na nove, a carne”, ensina Claudia, autora de outros 11 livros.

Portas entreabertas

Pecado mortal é receber um deficiente visual e esquecer as portas da casa entreabertas. Como não conhece o ambiente, a testa dele é a primeira que sente o impacto. “Você vai andando e encontra uma quina pela proa. A pessoa (que deixou a porta aberta) fica desconcertada. Pede mil desculpas”, conta o consultor em informática Sérgio Ramos de Faria, de 44 anos, cego desde os dois anos. Ele mora com a mulher e duas filhas na Zona Norte de São Paulo. É o único em casa com problemas de visão e, com bom humor, diz o quanto sofre com a bagunça delas. “Procurar uma escova de cabelo é missão quase impossível. A disciplina dura dois dias”, conta ele, acostumado à organização.

Atravessando a rua

A primeira gafe cometida pela atual mulher de Faria – eles se conheceram pela internet há cinco anos – foi logo no primeiro encontro, no aeroporto do Recife, onde a moça vive. “Na primeira coluna, ela me largou”, diz, rindo, o consultor, que deu uma trombada com o peito no pilar. Segundo ele, a “chave” da relação entre as pessoas é perguntar. “Você quer que eu corte (uma carne)? Como quer que eu te ajude? É uma gafe e tanto quando você está parado no sinal e as pessoas já vêm te puxando, te arrastando. Muito inconveniente”, explica Faria. Ele esclarece que a melhor forma de ajudar um deficiente visual a cruzar a rua é deixar que ele pegue no braço ou no ombro da pessoa. "As pessoas sempre pensam que o cego não sabe para onde vai. É um erro".

Fonte: G1

DEFICIENTE ALERTA foi criado para orientar,educar,protestar e ajudar todos com deficiência. www.deficientealerta.blogspot.com

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