segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O senhor lê braile?

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O jornal O DIA promoveu, no início da semana, no auditório da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (FECOMERCIO-RJ), o Seminário “Acessibilidade à Cidadania” que pela presença dos representantes do setor de transportes urbanos e organizações de defesa dos direitos das pessoas portadoras de deficiências, parecia ter o objetivo de debater as dificuldades que cadeirantes, cegos, surdos e outras pessoas portadoras de deficiências encontram na Cidade e no Estado do Rio para utilizar os meios de transportes.
Integralmente patrocinado pela Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro, FETRANSPORT, o evento foi, comprovadamente criado pelo jornal O DIA, com a intenção de recolher os aplausos das pessoas portadoras de deficiência para a qualidade dos transportes urbanos e disso fazer notícia. No entanto, como há muito tempo a sociedade brasileira perdeu a paciência com o cinismo, o encontro resultou numa cobrança dura e até enfurecida, por qualidade e respeito no atendimento.
O Ministro das Cidades, Márcio Fortes e os Secretários de Transportes do Município Capital e do Estado, Alexandre Sansão e Julio Lopes, abriram o Seminário. O Ministro, logo na entrada, enquanto aguardava o início dos trabalhos, pareceu perceber o clima avesso. Por isso, no momento próprio, deu o seu recado e saiu às pressas. Por pouco – muito pouco - não foi vaiado, principalmente quando fez composições inexatas com o termo “pessoas normais e pessoas anormais”.
Depois dele, falou o Secretário Municipal de Transportes da Cidade do Rio de Janeiro, Alexandre Sansão. Ele é jovem e, talvez para ironizar os que lhe escolheram o nome, é completamente careca. Falou e também saiu batido.
Em seguida, entrou em cena o Secretário Estadual de Transportes, Julio Lopes com a incumbência de explicar as providências de seu governo para reduzir os atrasos na concessão do Vale Social, garantia de transporte gratuito para as pessoas portadoras de deficiência que dele necessitam. Falou, mas não fugiu. Ficou até o término dos trabalhos.
Depois do Julio Lopes, falou em nome do Presidente da ALERJ, Jorge Picciani, o deputado estadual Altineu Cortes. O Altineu claramente nada entende do tema, apesar de presidir, na ALERJ, a Comissão que defende os direitos das pessoas portadoras de deficiência. Ele irritou a platéia, porque, sem preparo e sem cuidado, tentou enrolar com um falatório confuso, sem concordância, sem gramática, sem inteligência e sem conteúdo.
Teresa Amaral, Superintendente do Instituto Brasileiro de Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência, IBDD, única representante das pessoas portadoras de deficiência entre os oito palestrantes, repudiou a armação comercial do jornal O DIA, quando deixou claro não existir motivo para aplaudir os governos ou o setor de transportes do Estado do Rio de Janeiro. “Sou aqui, no palco, uma ovelha no meio de lobos”, disse Teresa na abertura de sua apresentação.
O jornal O DIA esteve representado pelo Diretor Comercial Paulo Fraga, fato significativo, porque autoriza o entendimento de ter sido o Seminário uma composição comercial entre o jornal e a FETRANSPOR. Tanto que o sábio jornalista Andrei Bastos, pessoa portadora de deficiência, colocou na mesa em estilo de pergunta, a dúvida: “para a FETRANSPOR a acessibilidade é um bom negócio?”
Paulo Fraga esteve todo o tempo aturdido. Completamente perdido e, para valer o tema, “mais do que cego em tiroteio”.
No momento do debate, ele exigiu que as perguntas fossem feitas por escrito. Imediatamente, os cegos gritaram: “o senhor lê braile?”

Fonte:http://www.estrategiapolitica.com.br

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