terça-feira, 17 de novembro de 2009

Calçadas acessíveis, por favor!

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Em passeio pelas ruas dos Jardins vereadora Mara Gabrilli, tetraplégica, sofre com a falta de acessibilidade

(Mara Gabrilli, ao lado de João Maradei, durante passeio pelo Jardim Europa: sem acessibilidade)

A vereadora Mara Gabrilli passeou, na sexta-feira passada (dia 13), pelas ruas dos Jardins, a convite de João Maradei, executivo da ONG Ame Jardins, formada por moradores da região dos Jardins América, Europa, Paulistano e Paulista. O objetivo do convite era fazer um check-up da acessibilidade do bairro, já que a vereadora, tetraplégica, que já foi secretária municipal para Assuntos das Pessoas com Necessidades Especiais, é especialista no assunto. Foi ela, por exemplo, que orientou a reforma das calçadas da Avenida Paulista. E que conseguiu que as esquinas de São Paulo tenham rampas para cadeirantes e faixas em relevo para cegos.
O bairro escolhido para o passeio foi o Jardim Europa, uma região que abriga residências de alto poder aquisitivo e, supõe-se, de alta conscientização de cidadania. Mas, pelo jeito, o resultado da visita não revelou que poder aquisitivo e cidadania andam obrigatoriamente juntos. Mara e Maradei verificaram uma série de imóveis com calçadas em mau estado, dificultando o trânsito de pedestres, não vamos nem falar de cadeiras de rodas e carrinhos de bebê. Além disso, o bairro também não tem rampas de acessibilidade nas esquinas.
Como resultado desse encontro, a Ame Jardins e a vereadora Gabrilli vão iniciar uma parceria. A partir de fevereiro, farão juntos uma campanha de conscientização para os moradores, com o objetivo de mobilizá-los para tornarem suas calçadas mais acessíveis e transitáveis. Vão dar sugestões sobre como as calçadas devem ser conservadas. E lembrar que, nem sempre, beleza é sinônimo de acessibilidade


(Rampa de calçada, com acesso para cadeirantes)

Pois é. Esse é um problema que enfreta quem anda em bairro de rico. Arquitetos, paisagistas e os próprios donos das casas parecem querer dificultar a passagem de pessoas de qualquer tipo diante de suas propriedades. Cada coisa que a gente vê! Na Rua Uruguai, por exemplo, durante muitos anos, havia uma calçada feita de dormentes antigos, espaçados, intercalados com grama. Coisa de paisagista idiota. Nem o efeito era tão bonito assim. Andar em cima daquilo era difícil até para atletas, que dirá para pessoas mais idosas. Rodas de qualquer tipo eram completamente impensáveis naquela situação. Nem bicicletas.
Ainda hoje, há calçadas que alternam o pavimento com grama, um absurdo em matéria de acessibilidade, que deveria ser proibido por lei. As calçadas que têm uma faixa de grama junto ao meio-fio também deveriam ser proibidas porque também atrapalham o desembarque. Calçadas de mosaico português são uma tortura para cadeiras de rodas. As de paralelepípedos também, ainda mais quando são colocadas espaçadas para que o verde se misture à pedra. Calçadas destruídas por raízes de árvores deveriam ser arrumadas. Não adianta ficar com dó da árvore. Há que se ter dó de idosos, pedestres em geral, cadeirantes.
Aliás, as calçadas da cidade inteira deveriam ser unificadas, de placas de concreto, lisas, sem criatividade. Calçada não é para aparecer, é para sumir. A Prefeitura deveria cuidar disso, já que os proprietários de imóveis não cuidam, ou inventam moda. E mandar a conta depois. Aliás, como sugestão, na hora de refazer as calçadas, porque não aproveitar e enterrar os fios de eletricidade e telefonia também? São Paulo iria ficar com outra cara.

Texto publicado no jornal Metro de 17 de novembro de 2009.
Fonte: http://www.onne.com.br

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