sábado, 23 de outubro de 2010

"Precisei ficar cego para poder enxergar"

Comente!
Segundo dia da Mostra de Arte Sem Barreiras traz deficiente visual paranaense contador de histórias
Cristiano Zanardi

Os olhinhos de cerca de 300 crianças não se desviavam. As histórinhas narradas entravam no imaginário infantil e ensinavam que tudo é possível para quem tem capacidade de enxergar além daquilo que os olhos humanos podem ver.
O escritor Sebastião Narciso, de 52 anos, veio de Londrina (PR) para passar a grande mensagem do segundo dia da Mostra de Arte Sem Barreiras em Bauru: “Precisei ficar cego para poder enxergar.”
Deficiente visual devido a um acidente automobilístico em 1986, o coautor e ator da peça “Olhares Guardados”, passou por todas as fases de quem nasce “normal” e por uma fatalidade se torna deficiente físico. “Fiquei triste, revoltado, me submeti a 11 cirurgias nos melhores centros médicos especializados do país. Até que um dia resolvi enxergar.”
Filho de contadores de histórias, o Tião Balalão Cabeça de Melão (personagem criado para se apresentar ao público infantil), fez de tudo após o acidente. “Fui vendedor, trabalhei em rádio, mas nada deu certo. Até que participei de uma oficina para contadores de histórias.”
De lá para cá formou grupo de teatro, escreveu e adaptou peças infantis. Porém, há poucos anos sentiu necessidade de escrever livros. A primeira obra foi uma coletânea de 30 histórias infantis intitulada “Por detrás dos olhos”, que aborda a relação de cegos e espelhos.
Em 2006, lançou a coleção “Engenho da Imaginatião”. Dois anos atrás, a 2ª coleção da obra consolidou o trabalho voltado para crianças. O livro conta histórias de animais “diferentes”, mas que superam os problemas ao longo da vida. “Imagina um elefante que nasceu com uma tromba virada pra trás, por exemplo?”
Tião utiliza suas histórias como ferramenta inclusiva. Para ele, o que já foi problema, hoje serve de motivação. “Utilizo a arte como profissão e manutenção de vida em todos os aspectos.”
O preconceito? “Ainda existe, mas pouco a pouco as pessoas percebem que mesmo semi-autônomo dou minha contribuição, sou um produtor cultural.” Após o final da entrevista, Tião assume o palco do Teatro Municipal. Lá ele domina seu espaço e as suas histórias tomam conta do imaginário da plateia.
Apaixonada por histórias, a pequena Katiely Rodrigues Boaventura, 7 anos, aprovou o trabalho do Tião Balalão Cabeça de Melão. “Foi a melhor [apresentação] de todas. Vou contar pra minha mãe.”

Fonte: Rede Bom Dia

Se vc Gostou do Blog ajude-nos a mante-lo clicando nos anúncios ao lado direito...DEFICIENTE ALERTA foi criado para orientar,educar,protestar e ajudar todos com deficiência. www.deficientealerta.blogspot.com

0 comentários:

Postar um comentário