quarta-feira, 25 de maio de 2011

Sem dar bola para preconceito, deficientes quebram tabus sexuais em Itatiba

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Assunto ultrapassou barreiras, mas há etapas a vencer
Mari Giro e Carlos Lemes Jr.

Ele é cadeirante e namora? Ela é cega e é casada? Quem nunca ouviu algo assim e percebeu olhares ressabiados?
Felizmente – e por esforço dos deficientes – cenas de estranhamento como essa vêm aos poucos se tornando menos comuns.
“Temos dois alunos que estão namorando”, conta a psicóloga escolar Joyce Muller Corredor, que trabalha na Apae de Itatiba. Ela diz que a relação entre um cadeirante, de 22 anos, e uma jovem de 18 com limitação intelectual começou nos jardins da escola.
Eles exibem felizes suas alianças de compromisso. “Os dois se dão muito bem. Como qualquer casal conversam todos os finais de semana, andam de mãos dadas e trocam beijos”, diz. As famílias sabem da relação e a preservam.
“Esse casal é um exemplo de que qualquer pessoa pode ter sua sexualidade vivenciada, independe de ser deficiente – e do tipo de deficiência”, explica a especialista. Entre deficientes, nada os difere na sexualidade das pessoas tidas como normais. Para o sexo, não há diferenças.
“Qualquer que seja a deficiência, a maturidade sexual chega para essas pessoas na mesma idade que os demais. O que os diferencia é que eles têm em geral menor convívio social, o que reduz a chance de encontrar parceiros”, diz.
É nessa hora que entra a família, seu apoio e sua visão de que o deficiente pode se relacionar amorosamente, desde que respeitados seus limites. A discussão de sexualidade e deficientes físicos, por exemplo, se popularizou depois da personagem cadeirante Luciana, interpretada por Aline Moraes na novela “Viver a Vida”, da Rede Globo, exibida até 2010.

Superação

Um exemplo da tentativa de quebrar esse tabu é do jornalista Jairo Marques, 34, deficiente físico desde que nasceu. Em seu blog Assim como Você, ele diz que “as melhores transas são aquelas em que a gente explora todos os nossos sentidos, emoções, pele, cheiro”. Segundo sua experiência, é possível ter prazer até “falando bobagens”. A dica que ele dá para os deficientes é evitar o nervosismo e perceber que o parceiro também precisa de ajuda para lidar com a situação.
“Acho que o deficiente precisa ter consciência que é ele o ‘diferente’ da história e, assim, tem de guiar o parceiro na hora H”, afirma.
Segundo ele, é comum acharem que os deficientes, sobretudo os que têm algum tipo de paralisia, sofram de impotência. “As dúvidas também recaem sobre a fertilidade ou mesmo sobre a capacidade de ter uma vida sexual ativa. Em parte, essas dúvidas têm razão de ser.
Algumas pessoas que tiveram lesões medulares graves, devido a um acidente, por exemplo, podem perder a sensibilidade”, diz Jairo. Em casos desse tipo, medicamentos contra disfunção erétil costumam ajudar.
Mas como lida com a situação quem andava normalmente e agora está preso a uma cadeira de rodas? É o caso do estudante Fernando Abud, 20, que ficou tetraplégico depois um acidente de surf em Ubatuba.
Ele diz que tinha uma vida normal e que hoje, a vergonha e o medo são os principais obstáculos. “As meninas tem medo de tocar em você quando você está em uma cadeira de rodas, parece que elas têm receio de quebrar o seu corpo com um simples abraço”, diz.
Ele ressalta que, para uma pessoa que fica tetraplégica, o suporte da família é fundamental. “O apoio de familiares e amigos é importantíssimo para nós não ficarmos reclusos dentro de casa e nos adaptarmos a nossa nova condição”. O rapaz não arrumou namorada desde o acidente, mas deixa um conselho.
“Acho que temos que nos impor diante da menina e mostrar para ela que podemos ter um encontro único por que estamos em uma situação única”, conclui.

Livro

Marcelo Rubens Paiva e seu clássico romance autobigráfico “Feliz Ano Velho”, de 1982, foi um dos pioneiros no Brasil a abrir o coração e falar de sua condição de cadeirante. Antes um ativo e despreocupado jovem, Rubens Paiva ficou tetraplégico aos 20 anos num acidente em um lago de Campinas.
No livro conta em detalhes sua vida sexual antes e depois da cadeira de rodas, e sua luta para ser reconhecido em sociedade na ‘nova’ condição. A história rendeu título de bestseller ao livro, peças de teatro e uma adaptação homônima para o cinema.

Fonte: Rede Bom Dia

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