domingo, 17 de janeiro de 2010

Mangá relata o dia a dia de adolescente japonesa com doença degenerativa

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Aos 15 anos, Aya teve de colocar em prática uma palavra adulta: resignação.

Só com um termo como esse no vocabulário para aceitar o diagnóstico que recebeu: degeneração espinocerebelar --doença incurável que destrói células do cerebelo, do tronco cerebral e da medula.
Em 1986, oito anos depois, já quase privada de todos os movimentos do corpo, Aya publicou no Japão o diário em que anotou a progressão de seus sintomas e como fez para lidar com eles. Fez tanto sucesso que virou novela. E, em 2005, mangá.
É esse gibi que a editora NewPOP lançou no dia 26/12 com o título "1 Litro de Lágrimas" (176 págs., R$ 14), com traços da "mangaká" Kita.
Um litro, aliás, parece pouco para a história de uma garota que, dia após dia, se vê perdendo o equilíbrio, os reflexos e até mesmo a capacidade de andar em linha reta. Apesar de ser uma menina madura e de se esforçar para não desistir de sua vida, Aya tem as limitações de quem nem chegou à vida adulta.


Mangá relata o dia a dia da adolescente japonesa Aya, que aos 15 anos descobriu ter uma doença degenerativa

No Tanabata, festival japonês em que desejos impossíveis são amarrados em hastes de bambu, a garota escreve em um pedaço de papel o que mais deseja: ser normal.
Falta maturidade, também, aos seus colegas de escola. Eles riem do jeito engraçado com que Aya anda pelos corredores do colégio, apoiando-se nas paredes. Depois, apesar de passarem a ajudá-la, pedem ao diretor que transfira a garota, para que não os atrapalhe mais.
Não que ela precise que alguém lhe diga que é um peso. É assim que se sente até mesmo em relação à sua família. "Eu sou a filha que mais faz você e o papai gastarem dinheiro", diz à mãe.
Por meio de um traço simples, sem rebuscos ou códigos visuais muito complicados --na contramão da tendência dos mangás mais vendidos, geralmente de ação--, "1 Litro de Lágrimas" transita com delicadeza pelo drama de Aya, tornando transparentes suas maiores inquietações.
Uma delas é o conflito entre seu "eu saudável" -aquele capaz de andar livremente, de que ela se lembra bem- e seu "eu deficiente", o atual.
"[Sou] como uma marionete controlada de uma maneira brusca", ela resume. E se pergunta: "Qual é o motivo de eu estar viva?".
A resposta a essa pergunta nada trivial ela teve pouco tempo para encontrar, já que morreu aos 25 anos. Ainda assim, chegou a uma conclusão que lhe permitiu sobreviver aos sofridos dez anos em que conviveu com a doença.

"Sinto o batimento no peito, [...] essa vida é muito importante. Estou vivendo."

Fonte: Folha Online

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