quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Inclusão: a gente vê por aqui?

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Leandro Carabet faz uma avaliação das obras de acessibilidade no campus da USP em São Paulo
Leandro Carabet

Dia desses, estava na aula de inglês comentando com a professora sobre as pessoas que usam wheelchair (cadeira de rodas), e logo ela me falou que se tratavam dos disabled (desabilitados, inválidos). Engoli tão a seco essa palavra que não conseguia associá-la a pessoas que, apesar das deficiências, têm demonstrado garra para superar os imensos degraus de concreto e preconceito que a sociedade coloca diariamente.
Depois dessa aula, decidi prestar atenção na Cidade Universitária da USP para verificar se ela estava realmente apta a receber fisicamente alguém com deficiência.
Decidi, então, registrar no post de hoje os resultados da minha observação. Gostaria de ressaltar que, nesse primeiro momento, meu olhar ainda não está focado em apurar se a USP apresenta condições psicopedagógicas para receber e acompanhar um deficiente (pretendo abordar esse assunto num futuro post, já que preciso de mais tempo, fontes e opiniões). Nesse relato, busquei abordar os aspectos estruturais e de instalações.



É interessante que a Universidade tem sinalizado as obras que realiza para a “adequação de acessibilidade” não só para justificar um possível “transtorno”, mas também para alertar os transeuntes sobre o que a reitoria tem feito para manter seu compromisso com a questão da inclusão.
Entre as reformas e adaptações, que levaram a USP a desembolsar a quantia de R$ 689.235,00, está a construção de uma rampa em zigue-zague, construída rapidamente na Avenida Prof. Luciano Gualberto.



Além disso, é possível encontrar em vários locais do câmpus aquela sinalização especial para pessoas com deficiência visual, indicando que à frente existe uma guia rebaixada, uma escada ou rampa. As entradas de alguns prédios também são facilitadas por rampas, mas algumas são íngremes.



No estacionamento de vários institutos, há vagas especiais para deficientes, bem sinalizadas. No da Poli, por exemplo, é interessante notar que foi colocada uma espécie de corredor entre as outras vagas, para que sempre exista um espaço livre entre os carros para o trânsito de cadeiras de rodas.



A grande maioria das calçadas tem guias rebaixadas e na entrada da FEA (Faculdade de Economia e Administração), existe até uma passarela. A nova frota de circulares é equipada com o sistema de elevação para as cadeiras de rodas e alguns prédios – poucos – possuem elevadores.



O Restaurante Central, conhecido como “bandejão”, possui mesas especiais, mais baixas. O problema é que, para entrar no restaurante e se servir, é necessário passar pela catraca. Por isso, pessoas com cadeira de rodas devem entrar por uma das saídas. Pior do que isso é que, para chegar ao outro restaurante, o “bandejão” da Química, é necessário enfrentar uma escada com mais de 90 degraus!
Diante desse primeiro olhar, verifica-se que a universidade tem demonstrado a preocupação de aperfeiçoar algumas de suas estruturas para receber de maneira mais digna pessoas com deficiência. O maior problema está nos indivíduos – já vi gente estacionar o carro em cima das guias rebaixadas e pessoas comentarem: “Nossa, a USP dá tantas vagas no estacionamento para os deficientes! Será que tem tanto deficiente assim?!”.

Quanto a essa pessoas, bem, elas sim são “disabled”.

Fonte: Rotina de estudante - Blog do Estadão
São Paulo, 08/09/2010

DEFICIENTE ALERTA foi criado para orientar,educar,protestar e ajudar todos com deficiência. www.deficientealerta.blogspot.com

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